Que a agressividade masculina é mais evidente
que a feminina, não resta dúvida.Ainda que não seja clara- tanto aos meus olhos
quanto aos de outros pensadores ao longo da história -, a elucidação dos mistérios da bissexualidade que reside no
interior de todos não foi completamente elaborada; mas, sem ter muitas dúvidas,
parece-me que a agressividade está ligada mais a componentes masculinos do que
a femininos. A evidência está no histórico da
criminalidade. Não ponho a mão no
fogo por nenhum homem, eu incluso.
Há
homens mais agressivos, assim como homens menos agressivos(seriam mais
femininos por isso?) no comportamento; assim como há mulheres agressivas com
comportamentos agressivos, ou pouco agressivas no comportamento e nos modos mas
agressivas em outras coisas, e assim por diante.Não há padrão certo, não há
como ter padrão pelo fato da cultura estar ligada à base econômica material que
a sustenta.E o mundo moderno tende, pela dinâmica dessa base e pelo andar da
carruagem, a acabar com os papéis fixos de heterossexualidade.É o que me
parece, não com certeza é claro.O futuro sempre é meio imperscrutável, sabe
lá... Como teríamos que nos comportar em caso de catástrofe cósmica?
Na
Grécia antiga não haveria esse problema, a sexualidade por lá tratada de forma
mais difusa, ainda que ao custo da mulher ser tratada de forma um pouco melhor
do que um cachorro, fosse ele o de Ulisses ou não.Como vivemos sob a égide de
valores morais derivados ainda do judaísmo e do cristianismo, ainda se insiste
na tal normalidade do padrão heterossexual.Não me parece lógico.Lógico apenas
que a biologia da espécie aja no sentido que a sexualidade existe, em sua base
hormonal e fisiológica, para a
reprodução. Mas e se for criado um processo completo de reprodução artificial,
sem necessidade de útero? Qual seria a função da heterossexualidade nisso aí?
Dá um pouco de medo, mas não deixa de ser uma possibilidade.Pegue um cara de
cem anos atrás e o coloque no mundo de hoje com um I-pad na mão, e ele vai jurar que foi transposto para um mundo
de bruxos.
Nossa vida social, concordo, é vivenciada a partir da ponta do iceberg
de nossa sociabilidade, por baixo da linha d'água um feixe de instintos que mal
entendemos.Mas o ser humano é diferente e consegue transformar, condensar,
desviar para outros caminhos seus
instintos, contando com isso com o aparato coordenador-repressor da
civilização, sem a qual não sobreviveríamos frente às hostilidades do universo
externo.
Por
outro lado, sempre há o remanescente do passado em meio às transformações do
presente.Daí que temos que conviver com os "brucutus" de plantão,
figuras pré-históricas, dinossauros da agressividade incontrolada ou da
heterossexualidade convencional já ultrapassada.E isso mesmo com o novo papel
social e econômico do gênero feminino, dentro de um mundo de transformação
cultural e psicológica muito grande, pelo dinamismo absurdo da tecnologia.O
futuro ainda é um mangue de possibilidades.
Claro que também as mulheres, o gênero feminino, também priva de suas
prerrogativas de caráter paleontológico cultural e sexual.Daí que moças
escondam dentro de si muito do ideário de suas bisavós, com a persistência da
defesa - ainda que de forma discreta ou subentendida - de valores ultrapassados(dentro das
necessidades econômicas) que ainda suprem necessidades psicológicas que não
foram completamente equacionadas, substituídas, apesar da lógica ideológica do
consumo e diversão que norteia a padronização de nossa sociedade.Coisa lógica:
nossa espécie passa por processo de mutação.
Daí
que eu defenda pau nos cultuadores da
mentalidade de agressividade do "pau".São brontossauros da cultura,
não querem ver o que acontece por serem seres incapazes de olhar para dentro
dos recessos do inconsciente sombrio em que nos construímos(nos destruímos?).Isso
porque são seres construídos a partir de alicerces de preconceitos e lugares
comuns, de juízos de valor a-críticos.
A
agressividade humana ainda é um mistério, somos bichos perigosos. Sou meio
intolerante com quem não sabe controlar os monstrengos que habitam o interior
do humano. Mesmo o civilizado esconde um bárbaro dentro.E esse se mostra quando
um cidadão pacato, por exemplo, defende massacre policial, é tolerante com o
estupro( mais ou menos na linha do “quem mandou ser tão ostensiva assim?”), tem
lá suas homofobias (deus o livre de saber que todos têm fantasias homossexuais)
disfarçadas ou não, suas histrionias pseudo-religiosas, e assim por diante, em meio
à intolerância, essa grande cadela babante que nunca sai do cio.Estamos longe
de uma verdadeira evolução.
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