terça-feira, 14 de maio de 2013

Uma pequena reflexão sobre a agressividade


Que a agressividade masculina é mais evidente que a feminina, não resta dúvida.Ainda que não seja clara- tanto aos meus olhos quanto aos de outros pensadores ao longo da história -, a elucidação dos  mistérios da bissexualidade que reside no interior de todos não foi completamente elaborada; mas, sem ter muitas dúvidas, parece-me que a agressividade está ligada mais a componentes masculinos do que a femininos. A evidência está no histórico da  criminalidade. Não ponho a mão  no fogo por nenhum homem, eu incluso.
     Há homens mais agressivos, assim como homens menos agressivos(seriam mais femininos por isso?) no comportamento; assim como há mulheres agressivas com comportamentos agressivos, ou pouco agressivas no comportamento e nos modos mas agressivas em outras coisas, e assim por diante.Não há padrão certo, não há como ter padrão pelo fato da cultura estar ligada à base econômica material que a sustenta.E o mundo moderno tende, pela dinâmica dessa base e pelo andar da carruagem, a acabar com os papéis fixos de heterossexualidade.É o que me parece, não com certeza é claro.O futuro sempre é meio imperscrutável, sabe lá... Como teríamos que nos comportar em caso de catástrofe cósmica?
     Na Grécia antiga não haveria esse problema, a sexualidade por lá tratada de forma mais difusa, ainda que ao custo da mulher ser tratada de forma um pouco melhor do que um cachorro, fosse ele o de Ulisses ou não.Como vivemos sob a égide de valores morais derivados ainda do judaísmo e do cristianismo, ainda se insiste na tal normalidade do padrão heterossexual.Não me parece lógico.Lógico apenas que a biologia da espécie aja no sentido que a sexualidade existe, em sua base hormonal  e fisiológica, para a reprodução. Mas e se for criado um processo completo de reprodução artificial, sem necessidade de útero? Qual seria a função da heterossexualidade nisso aí? Dá um pouco de medo, mas não deixa de ser uma possibilidade.Pegue um cara de cem anos atrás e o coloque no mundo de hoje com um I-pad na mão,  e ele vai jurar que foi transposto para um mundo de bruxos.
     Nossa vida social, concordo, é vivenciada a partir da ponta do iceberg de nossa sociabilidade, por baixo da linha d'água um feixe de instintos que mal entendemos.Mas o ser humano é diferente e consegue transformar, condensar, desviar  para outros caminhos seus instintos, contando com isso com o aparato coordenador-repressor da civilização, sem a qual não sobreviveríamos frente às hostilidades do universo externo.
     Por outro lado, sempre há o remanescente do passado em meio às transformações do presente.Daí que temos que conviver com os "brucutus" de plantão, figuras pré-históricas, dinossauros da agressividade incontrolada ou da heterossexualidade convencional já ultrapassada.E isso mesmo com o novo papel social e econômico do gênero feminino, dentro de um mundo de transformação cultural e psicológica muito grande, pelo dinamismo absurdo da tecnologia.O futuro ainda é um mangue de possibilidades.
     Claro que também as mulheres, o gênero feminino, também priva de suas prerrogativas de caráter paleontológico cultural e sexual.Daí que moças escondam dentro de si muito do ideário de suas bisavós, com a persistência da defesa - ainda que de forma discreta ou subentendida -  de valores ultrapassados(dentro das necessidades econômicas) que ainda suprem necessidades psicológicas que não foram completamente equacionadas, substituídas, apesar da lógica ideológica do consumo e diversão que norteia a padronização de nossa sociedade.Coisa lógica: nossa espécie passa por processo de mutação.
    Daí que eu defenda  pau nos cultuadores da mentalidade de agressividade do "pau".São brontossauros da cultura, não querem ver o que acontece por serem seres incapazes de olhar para dentro dos recessos do inconsciente sombrio em que nos construímos(nos destruímos?).Isso porque são seres construídos a partir de alicerces de preconceitos e lugares comuns, de juízos de valor a-críticos.
     A agressividade humana ainda é um mistério, somos bichos perigosos. Sou meio intolerante com quem não sabe controlar os monstrengos que habitam o interior do humano. Mesmo o civilizado esconde um bárbaro dentro.E esse se mostra quando um cidadão pacato, por exemplo, defende massacre policial, é tolerante com o estupro( mais ou menos na linha do “quem mandou ser tão ostensiva assim?”), tem lá suas homofobias (deus o livre de saber que todos têm fantasias homossexuais) disfarçadas ou não, suas histrionias   pseudo-religiosas, e assim por diante, em meio à intolerância, essa grande cadela babante que nunca sai do cio.Estamos longe de uma verdadeira evolução.

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