Todo sentimento particular encerra algo de universal.A dor individual sempre é uma tradução, confusa e enigmática, de uma dor maior trazida de um universo maior.As vivências particulares são transposições das vivências coletivas.Apenas nos perdemos em nossas mesquinharias cotidianas, as quais nos são impostas por valores, sejam eles ideológicos ou psicológicos, com isso nos alienando daquilo que liga nossa particularidade com a universalidade.Somos a humanidade, a humanidade somos nós.Mesmo que saibamos das limitações humanas, do quanto de ódio e amor escondido dentro das pessoas, não temos como fugir da barca em que navegamos, meio à deriva, nesse oceano endoidecido do cosmo.
Pode ser que no sono entremos em contato com esse veio de singularidade de nossa mente, o qual encerra, seja-se adepto de idéias transcendentais ou não, um mistério que vai além da amplitude limitada de nosso cotidiano.O desespero de Hamlet nos assoma todo dia, apenas não ouvimos seus resmungos sombrios.O "ai de mim!", tão presente na tragédia grega, é nossa primeira interjeição ao raiar do dia, poderíamos mesmo entoá-lo ao escovar os dentes. Nossa dimensão é a finitude de nossas ações, nossos caminhos sempre construídos por encruzilhadas ; estas não se adaptam a algum "gps" seguro, não faz parte do roteiro da vida a segurança absoluta.Daí vivermos como semi-deuses e nem percebemos, os deuses nos alienando das coisas pela artimanha de seus ciúmes, em nosso tempo, em nosso espaço.Hoje temos consumo e diversão, amanhã teremos morte.O embrião disso aqui tudo é um sopro de eternidade e, de passo em passo, da construção e da destruição, fazemos a carne diária de nossa insolvência enquanto nuvens sombrias apenas se esforçam, tolas vaporosidades do acaso, em ocultar um sol que foi construído por nossa vontade.
Muito além deve haver um além que nos conduz.Isto está dentro de nós, apenas o ocultamos pela servidão ao medo, à inconsolável covardia que nos rouba de ser algo muito além do que somos.Medíocres ou não, mesmo que não percebamos, somos pequenos heróis para nós mesmos.
Nunca é uma questão de confissão, talvez mesmo seja ilusão.Queremos dizer e as palavras não nos bastam, o reconhecimentos dos instintos asfixiados não nos basta, nem toda turbulência da alma ou da carne não nos basta.Nada nos basta, por isso somos humanos.
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