quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Escondido(poema)

Senão em mim eclipsar-me
Na sombra que eu mesmo sou
Nada me resta de nobre a atar-me
Na sobra desse vento que passou

E as vozes de noite que não descubro
Revelam o silêncio que em mim pasmou
Tudo aquilo que sonhei e encubro

Na sombra de morte que em mim pousou.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

contemplação: a que nunca terás

Apenas Contemplar-te

Deixa-me contemplar-te na beleza que és
Deixa-me contemplar-te no que imagino que és.
Deixa-me perder nas formas que és
Deixa-me perder-me nelas como quem mergulha no oceano e não volta para esse mundo de castelos frustrados.
Como quem se esquece sob os ruídos estranhos, castrados,
que surgem das florestas, da noite misteriosa,
seja ela a noite física ou a noite da alma.
 Para, na esperança tola de uma calma,
sorver-te na luz obscura do sonho pensado,
jamais imaginado, cingido entre a multidão de sombras e sobras,
por seres em ti o reflexo das auroras que não terei
e imaginarei,
eu, pobre devoto da geometria misteriosa de tuas carnes,
imerso nos aromas oceânicos de teu sexo,
o qual, como tudo em ti. não tocarei, apenas contemplarei,
resignado e prostrado, vassalo de ti a contemplar-te
sem possuir-te,  nessa vida em que nada se possui além da certeza da morte.
Apenas olhando, como quem se lança ao silêncio de uma paisagem.
Para no final, a ti romper em soluço meu peito,
tu, metade estranha e igual ao que sou,
apenas, quem sabe, uma forma distinta de outra face da moeda,
tu, estranha forma de eletricidade de polos opostos ao meu,
distinguir-te como algo que já tive, não terei,
sombra florescente onde sempre morrer sonhei.
Deixa-me contemplar-te, apenas, sem tocar-te,
no mundo em que solidões e silêncios confraternizam,
para, de alguma forma e só simplesmente amar-te.


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Afinal, que porra faço eu nessa cidade?

Que porra faço eu nessa cidade?Ou mesmo nesse mundo?
Aí, realisticamente, fico pensando: o que me prende nessa cidade?Ela não mais me pertence, tem pouco a ver com minha infância. Nem bonita é; conseguiu até ficar mais feia.O que me serve de laço por aqui: uns fins de semana insalubres, em botecos insalubres, cheios de gente insalubre? Bem, vale pelas risadas, uma ou outra conversa espirituosa e  o ridículo flertar etílico de sempre.Ou um ocasional sexo acidental e sem substância movido a álcool. Os amigos são muito raros(a palavra amizade é muito banalizada), boa parte das pessoas mais queridas já se foi.Resta apenas sonhar com a possibilidade de felicidade dos mais jovens, uma forma sutil de reafirmar nosso humanismo claudicante.Mas esse capitalismo selvagem de metrópole caótica e bárbara avilta minha sensibilidade.
     Profissão?O que faço  poderia fazer em qualquer lugar no mundo,fosse ele vila ou ilha,  hoje ainda tudo mais facilitado pela internet.A vida nessa cidade é um lixo e não vou ficar rico ou famoso por aqui.Aliás, já faz décadas que abandonei qualquer tola ilusão sobre fama, fortuna ou amor.Bem, o amor convencional, já que o amor que tenho pela arte,  pela beleza,pelo pensamento e pela abstração criativa de ordem humana, esse irá comigo para baixo da terra.Os caminhos do encantamento passam longe do cotidiano sombrio que nos cerca, por mais que haja vitrines ou estímulos visuais e eletrônicos.Mas não dá para ser um hedonista com cabeça de consumista, ou vivendo numa sociedade consumista.Seria o mesmo que ser um pacifista dentro de um campo de batalha em guerra.Daí o exílio aqui mesmo.Exilado de mim, dos outros, do mundo, dentro de meu próprio mundo.Exílio voluntário.
    Não idealizo mais as pessoas, nem espero muita coisa delas; pessoas são pessoas, nada mais do que pessoas e  sei que a violência e o egoísmo são coisas muito concretas.Todos temos nossos demônios e anjos, os primeiros gozando de mais liberdade e recursos nesse nosso admirável mundo novo.Como já também desisti da Pasárgada, reino idílico do poeta que era amigo do rei e onde poderia ter a mulher que quisesse na cama que escolhece, não sei exatamente para onde fugir, a não ser para os próprios jardins de meu interior.Afinal, nenhum rei é meu amigo e meus reinos são sempre imaginários.
    Ainda bem que aprendi a desenhar e pintar; preferível exercer qualquer má arte do que arte alguma.
     Antes de explodir, por segurança agora dou uma margem de contagem até vinte, porque os tempos são mais difíceis.Se bobear, tenho recaídas de violência ou paixão.Luta sem trégua essa...
     O negócio é desejar menos as coisas, sejam elas  grana, sucesso, fama, mulher ou um monte de outras bobagens que não vão resolver os grandes problemas da existência.E, de preferência, sair da prisão da sociabilidade, porque nunca somos livres se não conseguimos viver sós.No fim, todos estamos sempre sós e deus não tem aparelho de surdez; no fundo, não tem mesmo  nenhum ouvido .A rocha nossa de cada dia, montanha acima, nos dai hoje, amém.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Sombras

vejo a sombra de teus olhos
vão além da luz em que se recolhem
a si mesmos no desejo em que se perdem

vejo a sombra da lua depositada
nas copas das árvores,
    ilimitada harmonia dos astros
    rondando em espectro o futuro
    o coração olhando tudo, tão frio
    tudo corre sobre o tempo
           tudo, tudo tão duro, quase rio
 
na noite de minha alma  mal vejo as sombras
depositadas pelo tempo e pela mão alheia
nesse torpor de tudo que tanto me alardeia
nada pode correr tanto a tudo que clareia
aqui sou apenas espectro, perdido nas ondas
na luz desses teus olhos onde neles tombas

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O Palácio Ideal de Cheval



Estas são imagens de uma construção feita por um carteiro francês, chamado Ferdinand Cheval, que passou mais de trinta anos de sua vida recolhendo pedras, durante seu trabalho ou durante a noite, as quais ele usava para sua construção, usando areia ou cimento na colagem.Chamava-a de seu Castelo ou Palácio Ideal.Hoje, a construção é tombada pelo patrimônio francês.Cheval, por conta dessa sua extraordinária empreitada, acabou sendo cultuado por figuras como Breton ou Picasso.A vida de um homem, realizada na construção de um sonho ideal, de uma arquitetura onírica.Não teve castelos de sonhos, fez de um sonho seu castelo em pedra e areia.A incrível capacidade humana de realização.Cheval fez tudo sozinho.O estilo é híbrido, obviamente sem prévio desenho, na base da improvisação; um surrealismo arquitetônico naif, com formas estranhas que nos remetem a uma atmosfera plástica oriental.Local: cidade de Drôme, na França.
     Todos nós somos um amontoado de sonhos acumulados em nossa mente, alguns conscientes, a maioria inconscientes.Quando concentramos todos nossos esforços num só objetivo, criamos coisas como isso, podemos criar coisas ao menos parecidas . O que faz o poder de uma vontade!Picasso dizia que todas as pessoas têm a mesma quantidade de energia; no caso dele, segundo suas próprias palavras, toda essa energia ia para a pintura.Deu no que deu; haja energia!Mas Picasso não era humano, era quase uma entidade.Uma entidade humanizada.
    Vejo algo de infantil nesse projeto onírico de Cheval.Realizou sua infância na maturidade?Afinal, começou sua obra com mais de quarenta anos, ainda tendo tempo de construir uma tumba para si, num cemitério próximo, impedido que foi de construí-la dentro de seu Palácio Ideal.
    No fundo, toda a obra de um homem, seja artista ou não, é um castelo que, às vezes desmorona, às vezes fica incompleto ou então, por falta de financiamento emocional e vontade, fica com o terreno  vazio, apenas com os alicerces e uma grande frustração arquitetônica.Ainda que o design final de nossa vida não nos pertença.Quem negaria o status de artista para o carteiro Cheval?

sábado, 10 de agosto de 2013

A sobrancelha da moça

Toda sobrancelha de moça me causa espanto.Seja modelada , podada ou não, parece sempre uma inflexão.Não sei se explico muito coisa nesse mundo, mas qualquer sobrancelha me lança  nele muito fundo.Sobrancelha de moça parece até gravitar além do que ela é, uma notação capilar de um sonho flutuando no rosto, apaga na hora qualquer desgosto.Nada melhor para adornar o maior mistério de qualquer mulher ou gente que ande viva por cima da terra: os olhos.
     Tem lá a sobrancelha sua função com o suor a cair da testa, mas para mim ao ver naquela moça algo igual é uma festa.A sobrancelha é o hieróglifo da face.Um rosto se faz de olhos , bocas e sobrancelhas.Tem o nariz, também importante, mas este me parece sempre adendo.Mas isto é outra história, podendo. Nariz é outro mistério na vida .
     A sobrancelha sobressalta o sonho da moça em centelha.Nervosa ou calma, passeia ela , moça, dançando com suas sobrancelha; passeiam elas sobrancelhas, mãos dadas com a moça, sobrancelhas estas sempre atadas, por vezes desastradas ou , pobrezinhas, castradas.
   Ah, que não quero um cavalo por meu reino, mas um par sereno e belo de sobrancelhas de moça!Sobressaltadas, desavisadas passeiam estaticamente no rosto, dialogando em curva com as luzes que brotam dos olhos, discutindo com os caprichosos dançarinos rubros labiais.Sobrancelhas virtuais, animais, carnavalizando o pictórico do rosto, nada imposto, apenas uma espécie de vento escrito na testa, mistério de uma cifra de alma simples ou sincera, quem sabe.
   Como seria bom ficar toda uma tarde falando das sobrancelhas daquele rosto de moça.Ou seria o rosto de moça das sobrancelhas, cuidadosas, invejosas ou ciumentas sobrancelhas, em linha, arco, parábola, senóide disfarçada, anelada à grande linha do tempo imaginário em que projetamos moças de indisfarçável beleza e sobrancelhas tão titânicas e ondulantes como serpentes escandidas no rosto?
    Não sei.Faz tempo que me perdi na caligrafia estranha das sobrancelhas daquela moça.Assaltado ou sobressaltado, cavalgando  sob o ondular do olhar as sobrancelhas sobranceiras e  misteriosas daquela moça.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Um aprendizado do amor?

Quem sabe , envelhecendo, a gente aprenda a amar?Bem, podemos amar muitas coisas: atividades, sonhos, pessoas,etc.Podemos inclusive amar o amor, ou mesmo a falta de amor.Não sabemos nada sobre o amor, apenas sobre os discursos a respeito do amor; os quais não são o amor em si, mas uma abstração mental transformada em código simbólico, sem máquina decifradora . Quem sabe, sem os mecanismo desejantes agressivos -afinal, somos máquinas desejantes - sempre vinculados à posse , a gente possa entender(não no sentido racional, mas no de "compreender") o que se chama de disponibilidade amorosa livre.O amor visto como uma elevação além do plano dos sentidos, rumo à visibilidade maior da ideia do amor.Esse tipo de amor está além da materialidade carnal, seria algo mais platônico, algo, definitivamente não muito dentro da moda.Risível para muitos temperamentos e mentes.Quem sabe, em contraposição ao fenecimento dos instintos vitais, às tiranias hormonais e suas consequências(inclusive a agressividade inexplicável), podemos ter o desprendimento de ver o nosso ego dissolvido em outra coisa ou ente. Um "nirvana" além do oceânico orgástico-sexual.Sinto isso mais próximo do estético do que do dinamismo cotidiano da luta pela vida e pela matéria.Seria mais fácil ,para mim, se acreditasse em vida após a morte.Mas não me arrisco nessas searas especulativas metafísicas.Para mim, metafísica seria algo mais próximo do estético.Ou seja: além da busca de um poli-amor, quem sabe a busca de um meta-amor.Mas isto tudo é só ideologia.E acho que a solidão colabora em muito para essa forma de pensar.Ainda que a humanidade não passe de um cosmogônico emaranhado de solidões.
      Talvez tudo não passe de um aprendizado.A vida é curta, de acordo com as expectativas de eternidade que sempre nos cercam.Tudo gira em torno de amor e morte, onde o primeiro pode assumir formas transubstanciadas, já que pela cultura, superestrutura da civilização, aguentamos viver uns com os outros, mesmo que aos trancos e barrancos.E, aos trancos e barrancos, vamos fingindo ter controle sobre as coisas, quando as coisas nos controlam, quando aquilo que indefinivelmente chamamos de sentimentos vão tocando nossas ações concretas, onde o cavaleiro que dirige o cavalo não tem em suas pernas, e sim nas patas daquele cavalo a força motriz de sua existência.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

pensamentos de julho de 2013

Bem, se então todas as cartas de amor são ridículas, todos os discursos políticos também o são...ridículos.As primeiras visam a sedução, os segundos, a embromação.Apelo à emoção, não à razão, os dois feitos daquilo são.Já se imaginou carta de amor racional, toda levada na base da lógica construída?Melhor mesmo ser destruída.Amor psicanalisado em texto foge mesmo ao contexto.E os discursos políticos feitos de verdade, sem vaidade, seria isso possível? Tem mais coisa louca nesse mundo para mim crível.Chamem Moisés e seu bastão para dividir o mar em duas partes que seria mais fácil do que o discurso cheio de  vero.Sincero?Só mesmo o que faz as cartas de amor, ainda que sejam ruins ou, por sua própria natureza, ridículas na sua própria emoção perdida ou pedida.Na política, a verdade sempre fendida, fedida.Os amantes, tenham esses ou não suas cartas dirigidas entre si, refestelam-se,naturalmente, no ridículo natural que são.Políticos, naquele eterno ar  malsão.Para mim, no fundo, nada são.
     Ah, cartas ridículas de amantes ridículos, nos salvem do ridículo maior de levar daqueles mentirosos  algo a sério!Que os de fala empolada me parecem assombração de cemitério.Sem que  nada eu veja nelas de  mistério.Prefiro mesmo ser ridículo a me falsear pelo prosador do ridículo.Cartas de amor, livrai-nos do mal, amém!

Se realmente devemos julgar um homem por suas ações concretas e não pelo que ele diz de si próprio, devemos relativizar a utilização do conceito de caráter, quando este é aplicado a políticos.Para estes, aquele conceito tem outro significado, distinto do utilizado pelo senso comum.Como conjunto de características psicológicas das relações mais profundas da mente humana, expressas no contato com o exterior sócio-ambiental, além daquilo que chamamos de ego, podemos até arriscar que políticos não têm caráter. Quem sabe não possam se dar ao luxo de tê-lo.Ou pelo menos o têm de forma mais plástica, moldável e transigente.Daí a sensação de “oco” por trás de suas falas e discursos, quando somos levados a pensar se realmente ele, político, está acreditando no que fala.Um ator pode acreditar no que o personagem fala através dele; o personagem é uma criação abstrata forjada pela imaginação humana.Mas qual o personagem que age por trás das palavras do político, esta variação de ator(em geral sempre canastrão, pleno de maneirismos de mau gosto) misturado a um personagem social?Um agente “coletivo”, uma idéia pura ou uma circunstância dinâmica que o envolve? O narcisismo do ator pode residir na auto-apreciação de sua capacidade ou talento.O narcisismo do político reside no próprio aparato de seu ego, no fundo, independente de interesses de terceiro; age um pouco por sua vontade, um pouco à revelia de sua vontade , apenas para reafirmar sua vontade original.Por isso, não é de surpreender a mudança de posição ou fala do político ao longo do tempo, de acordo com os ventos da conveniência que se bandeiam para as planícies do poder; não é um problema de caráter, pelo simples fato de que ele raramente trabalha com esse conceito, salvo quando é um profundo idealista, revolucionário ou visionário, coisa mais afeita a santos, profetas, loucos ou  artistas do que a políticos convencionais.Os quais continuam e devem continuar preponderando em nossa época de democracia de massas e propaganda política.

Aí, quando Freud falava na luta titânica entre os instintos de vida e de morte , no interior do ser humano, os lógicos e racionalistas o acusavam de enveredar por especulações metafísicas.Como se a violência humana fosse algo pouco físico, no dia a dia, na história em geral...Por outro lado, uma proeminente personalidade lógica, um filósofo lógico como Bertrand Russel, dizia sentir uma luta interna no ser humano, entre as forças do ódio e do amor.Dá na mesma; e ninguém acusaria esse pensador de ser metafísico.Podemos conviver com um monstro ao lado, cotidianamente, e nem imaginamos.Sem contar as pequenas monstruosidades que cometemos com nossos semelhantes ou outras monstruosidades que nos são perpetradas por outros.É só olharmos ao redor e ver o tanto de relacionamentos sado-masoquistas, não apenas no plano sexual, que abundam em nosso cotidiano, em meio ao nosso círculo de conhecidos.Daí a sabedoria profunda da fala do personagem sartreano ao dizer que o inferno são os outros.



Que para mim é estranho o tal sentimento associado a patriotismo, ah, sem dúvida que o é.Não consigo sentir tal coisa, ainda que já o tenha sentido outrora, bem mais jovem.Patriotismo.Que seria isto?  Impossível fazer retornar esse sentimento, como também me é impossível fazer retornar o amor que já senti por outrem e já foi desmilinguido  pelas circunstância e pelo tempo.Li de um autor, Cioran, que o patriotismo é um visco.Acho que concordo com isso. Já li algo parecido em outros autores.Para mim, é algo meio estranho esse sentimento de patriotismo.O que seria: a língua em que me expresso, o meio , a terra e as pessoas com que convivo nessa terra? Quantas mortes em nome do patriotismo. Mas a humanidade não é uma só coisa? Já vivi fora daqui, falando outra língua, ainda que sempre pensando na minha original, vendo pessoas que julgava estranhas por ter hábitos diferentes dos meus. Sim, hábitos definem nossa vida; nem percebemos isto, os condicionamentos que mecanicamente nos manipulam, além dos vestígios da consciência.Mas as pessoas sempre são estranhas, sempre imprevisíveis, até mesmo as imaginárias que podemos projetar existir em outro planeta.No fundo, sinto-me apátrida, um pouco exilado de tudo, um pouco exilado da própria vida que me traga.Pátria, para mim, não passa de abstração, criada em torno do fetiche de símbolos e imagens.Definitivamente, só acredito na pátria do espírito.E essa não tem bandeira ou hino.