Em
termos de relação humana, prefiro até uma pessoa que acredita em deus –
descontados, obviamente, os fanatismos -do que uma que finge não acreditar mas
se comporta como quem acredita. Aí é dose! Esse tipo de gente nos confunde, não
sabemos como agir, como falar sem que sejam maculadas suas convicções. Certas
formas de farsa me irritam. Ou se acredita ou não, ou se tem fé ou não; pior é
justificar fé por meio racional.Depois agir irracionalmente. Então que fique só
mesmo no discurso de pensamento.Pascal tentou isso com brilho e não conseguiu,
a meu ver; produziu, com isso, bela literatura filosófica.Mas, afinal, era
Pascal, um pensador genial que, mesmo sendo seus Pensamentos livro meu de
cabeceira por um tempo, não conseguiu me convencer da existência de deus.Mas
foi coerente com o que disse ou fez em sua vida. E certa coerência é sempre
admirável; não gosto dos que ficam pela metade, não chegam até o fim, ficam
sempre no estágio morno, inclusive nas posições filosóficas ou éticas.
Quem já matou deus dentro de si, pode se
resignar, não adianta, nunca mais terá paz consoladora, viverá sempre entre o
absurdo e o nada, será sempre um trágico; não mais fará as pazes com a projeção de si dentro da imagem
de um deus que forjaram para sua consciência.Terá só a si próprio e as
encruzilhadas em que se criou.De "espaços infinitos e silêncios eternos" nas belas palavras de Pascal.
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