sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Fiz muito ao longo da vida: naqueles momentos em que a solidão fere como uma rocha gelada e áspera as paredes do coração, quando não muita coisa animava ou funcionava para me livrar de olhar as paredes ou brigar com minha imagem no espelho, pensava numa moça que gostava ou admirava, escrevia umas coisas bonitas para ela, em papel, claro.É só pensar em alguém que se gosta, pouco importa se se é retribuído ou não, e já passamos a falar com linguagem das estrelas.Nem sempre mandava, na maioria das vezes a hesitação bloqueava e   acabava por guardar numa caixa.Coisa tão minha que nem mesmo aquela a quem era endereçada a coisa escrita podia ver.Depois de algum tempo já tinha uma caixa cheia.Não sei onde foram parar todas aquelas coisas, talvez ridículas em sua maioria.É tanto papel que se perde ao longo da vida...Hoje minha caixa é mais vazia; mais difícil escrever, guardar, preguiça, má vontade ou, talvez, desalento .Mas, confesso, ver a caixa vazia dá um grande vazio na alma.Não é a mesma coisa que a memória de um computador ou uma pasta poliondas.Ainda que eu desonfie de algumas pastas largadas...

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