quarta-feira, 17 de outubro de 2012

 Famoso filme de Louis Malle, Trinta Anos Esta Noite(Le Feu Follet, no original francês), foi por mim revisto dia desses na tv.Já o tinha visto em cineclube, faz mais de vinte anos e me lembro de ter ficado muito impressionado com ele.Mas a segunda vez, agora, foi realmente uma "porrada"!Com o passar do tempo e uma vivência maior, podemos ampliar a percepção de certos detalhes e circunstâncias que fazem a existência das pessoas.A temática do filme é essencialmente existencialista: o vazio, a falta de significado na vida,  os limites de compreensão do ser, do amor e da morte, a desesperante busca de um destino próprio por meio da vontade individual.O roteiro é baseado num livro de uma figura polêmica da literatura francesa do século vinte(principalmente por causa de seu posicionamento político durante a França ocupada): Drieu la Rochelle.Coisa da época: o personagem vai fazer trinta anos, já se sente velho, sente ter dissipado seu tempo e juventude em coisas sem sentido, em farras e muito álcool.Acaba de sair de um tratamento de desintoxicação alcóolica e vai, em Paris, em busca de suas antigas amizades.No lastro de seu passado, vários relacionamentos amorosos fracassados.Não consegue, no novo contato com antigos amigos ou amantes, ver significado para ele no que eles fazem, na vida que levam.Não suporta o status burguês de ver e sentir a vida.Mas, entretanto, não consegue achar nada nessa vida que o motive a viver.Poderia ser uma história simplesmente opressiva e cinza, mas o diretor imprime um ritmo e uma delicadeza   nos detalhes que nos fazem passear, ao lado da sensibilidade desesperada de Alain, o protagonista,pela cidade,olhando as pessoas e não se reconhecendo enquanto humano nelas, no desentendimento com o destino de seus antigos amigos, numa jornada que se transforma numa sensível e punjente balada melancólica e existencial.Creio que esses problemas da época ainda são atuais.Por sinal, qualquer grande problema espiritual de um grego da antiguidade, por exemplo, ainda tem muito a ver conosco.Nem todo avanço ou tecnologia eliminaram os grandes dilemas que perfazem nosso espírito, coisas como nossa finitude,   a presença inexorável da morte, o sentido de nossa existência, a superficialidade de nossas relações, a falta de coragem para assumir um destino, o acomodamento alienante a valores medíocres, o rebaixamento de nossos sonhos ao pragmatismo de um cotidiano

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