quinta-feira, 18 de abril de 2013

O papo furado nas artes plásticas

Adoro arte, mas há certas coisas que me causam um certo entojo, quando se envolve as artes plásticas no meio, o papo furado badalativo de vernissage, essa picaretagem de críticos- que, em verdade não são críticos coisa nenhuma, não passam de uns promoters  disfarçados -,uma afetação que não disfarça a falta de profundidade por baixo de uma superfície fria, jogadas fajutas de corporativismo jornalístico, esses pseudo-intelectuais ornados de hipocrisia. Cansei disso.Talvez o problema seja eu mesmo, saco cheio do mundo; mas vou privar o mundo de encher o saco dele com papo estéril.Não engulo.Acho que na verdade nunca engoli, apesar de não me considerar um cara burro, insensível ou destituído de certa cultura.E essa pose de que o cara é vanguarda, citações a mil de Duchamp, estilização  à la Dali, uma excentricidade forçada?Esse epigonismo duchampiano realmente é enfadante, já que não tem nada a ver com o contexto histórico atual.Moro em São Paulo, mas quase que me esforço para não frequentar essas rodinhas de pedantaria conceitual sem profundidade.Pura imagem falsificada.É bem colocada a afirmação de que imitar Duchamp é ser anti-Duchamp.Mas isto exigiria avaliação histórica; a maior parte dos artistas pouco se importa com isso, são muito ignorantes e se comprazem numa cultura "fake" que para mim não passa de um decadentismo anacrônico e sintomático.Hoje em dia tem muita gente posando de vanguarda, os professores de faculdades de artes entopem os alunos de conceitos frívolos, não há uma vivência desse processo longo, doloroso e sério que é o fazer artístico(como atingir o grande prazer sem um pouco de dor?).Tô fora! Hoje em dia gosto mais de levar papo com grafiteiros do que com artista em vernissagem.Essas bienais são um tédio, o público também acha mas tem vergonha de falar para não dar aparência de burrice ou ignorância.A arte está muito acima disto, de mim, dessa falsificação conceitual, desse racionalismo exacerbado e estiolante, de todos os grupos e interesses comerciais de circulação de dinheiro , de lavagem de dinheiro(no fundo, é para isso que existe o tal mercado!), que passam, passarão porque "só a arte fica, porque só a arte é"(Pessoa). Vou continuar pintando, mais por necessidade pessoal do que por qualquer coisa, pelo simples fato de que artes plásticas não são a arte de nossa época e sim o cinema.E com isso a gente leva a vida, preserva o coração e alma.Mas assim como a poesia, sempre vai ter gente fazendo coisa de qualidade  nas chamadas "linguagens tradicionais", pouco importando o sucesso comercial nisso tudo.O negócio é seguir fazendo, porque o tempo tudo devora e a vida é muito breve.

Um comentário:

  1. Outro dia assisti a um filme frances, "Dialogue avec mon jardinier" (2007), e pensei em você. É sobre um pintor parisiense (desempenhado por Daniel Auteuil) que está de saco cheio de tudo e em crise por estar se separando da esposa, e contrata um jardineiro que lhe dá certas lições de vida. Se você não assistiu ainda e conseguir encontrar, eu recomendo! Tem uma cena numa exposição em que o pintor tira um sarro desse tipo de papo furado das artes plásticas.

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