sábado, 20 de abril de 2013

a insustentável leveza da ilusão


Ah, que no fundo sempre caio no mesmo erro de todo mundo, projetando nos outros as ilusões e sonhos meus, esperando que os outros respondam a estas minhas expectavivas.Mas os outros são os outros, dos átomos às pessoas, tudo sempre é um pequeno universo à parte, esse universo que foi (in)criado à revelia desse acidente que sou.
      Não adianta projetar um sonho em você.Você apenas é o que é, finitude de todo ser que se apóia na própria insustentabilidade.O que você é reflete, espectralmente, o que sonho, volta para mim e se instala como ilusão, como desilusão que se constrói por quem não quer ver o real.Você apenas é, realidade intransponível além da carne, além desses meus sentidos que tanto me enganam.E, em sendo, além do sonho projetado, apenas um tipo de eletricidade diferente da minha, nada mais.O resto é arte, poesia, sonho, a busca de uma realidade além dessa vida que não nos satisfaz.Nada mais...
     Os papéis forjados, as letras enganosas, palavras que nos situam nas superfícies das verdades, estas bem mais fundas do que imaginamos.Ficções criadas para a vontade que nunca se satisfaz.
     A deusa, a virtuosa, a serena, a maternal, a maluca, a lasciva, a gostosa, a burra, a cerebrina, a talentosa, a tresloucada, a de boa alma, o demônio,a vagabunda, a vaca, a puta, a doçura encarnada em ser humano.....
    Papéis imaginários, projeções da vontade que não se encontram, desencontro do que vai de mim para o mundo que não me responde, seja pela carne ou pela alma.Ficção além de meu sonho imaginado, da beleza ao silêncio da morte, uma forma de se sentir viver em algo que foi o cerne desse meu viver.Ficções, nada mais.
    Caiu o pano, eterna atriz-bailarina de meus desejos e anseios de impossível compreensão esqueceu a fala, eu esqueci o roteiro, a mudez  está no palco disso tudo; o papel que lhe impus não  serve mais, nem para mim, nem para você; as engrenagens da máquina do mundo passando por nós, destroçando todo amor imaginário, por não mais poder me servir, por não mais poder servi-la, além das ilusões do "véu de maia"....Tanta beleza e horror escondidos no mundo e eu sonhando você uma coisa que não é, uma perenidade de mistério que sou eu em você, você em mim, na duplicidade de carne e palavra que faz o tecido ilusório da própria vida.
      Além do que projeto, uma verdade inescrutável escondida em você, um enervamento de meus devaneios.Você, apenas mulher, eu, apenas homem, nessa estranha e indevassável situação de humanidade.

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