domingo, 14 de abril de 2013

Céus, que mistério!


Eu tenho lá um fraco por mulheres bonitas, confesso.Mas o problema nessa vida não são as bonitas mas as interessantes. Essas a gente olha e se defronta com a situação edipiana, só não havendo, contudo, a possibilidade da resposta porque, ao ver, já fomos devorados pela esfinge.E a esfinge fica desfilando por aí, mais ou menos como uma estrela que resolveu passear nos reinos da superfície terrestre; quem sabe os deuses e deusas existam mesmo e brinquem de andar no meio de nós.De minha parte, já criei mitologia particular, um Olimpo só meu em que sou o Zeus-borra-botas, em busca de um Parnasso-água-furtada em que se enclausure a beleza adejante de ninfas e coisas parecidas com que cruzo nessa minha vida.E, talvez saibam os deuses - ou os metidos a - das coisas do sem pensar,  do sem falar, apenas na base daquilo que se chama  intuição, coisa tão essencial para artistas, enigma para cientistas, desespero para os psicólogos que, em vão, tentam descrever padrões e explicações para o mistério que se chama da alma humana.Não sabendo se  tenho esta  ou não, tenho meus olhos, portas imprecisas para ver e conjecturar, principalmente quando se vê algo como um enigma, uma mulher, por exemplo, ainda a coisa mais enigmática nesse universo para qualquer homem, seja ela de carne e osso ou imaginária.Podemos não falar com tanta coisa nesse mundo , tanto faz que sejam  árvores, flores, por de sol, silêncios inescrutáveis na noite ou uma simples silhueta feminina que atravessa a treva iluminada da noite, lança um sorriso, arqueia uma sobrancelha delicadamente, aquele sorriso onde cabe todo o borbulhar do mundo.E, além da beleza, com a qual não se dialoga, apenas se contempla, existe sempre o mistério do que não se decifra, a imagem simples e cativante de um sorriso deambulante, um simples mexer no cabelo, mãos se agitando como pincéis nervosos numa superfície de tela.Que fazer? Pode ser o que nos resta, neste hiato de tempo que vai do momento encantatório em que se vê ao imaginário do que se encerra no que se vê.E aí vai, pela noite encantada do mundo ou de minha alma, o silêncio de esfinge  dourada de alegria, a esfinge que não conheço, com que nunca falei, talvez nunca fale, mas encerra , naquele instante em que o tempo pára - em algum momento o tempo tem que parar! - e apenas dizemos : céus, que mistério!

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