O Livro do Desassossego, confesso, de há é minha bíblia de cabeceira.Leio e releio suas passagens, junção estranha e misteriosa de poesia e filosofia, sempre a me dar nó no cérebro.Pessoa me assusta, o que escreve é dessas coisas que me roubam ao real, tanto na poesia como na prosa, a qual foi nos, últimos tempos, mais lida até por mim do que sua poesia; ainda que tudo o que fez ou pensou tenha sido feito com vistas à poesia.Acho-o, inclusive, popular pela maneira como consegue escrever essa poesia de forma tão clara.Perigoso, o que se lê dele nos faz sentir fastio da vida, essa coisa que ou não presta ou nos é insuficiente, segundo pensamento expresso tantas vezes por ele.Uma vida só não basta, nessa vida de duro ofício, a qual só é grande se o sonho for grande.Ele mesmo diria que o futuro será de quem sonhar mais alto, para ele, a construção da pátria eterna e universal do espírito, espírito este cujos alicerces elaborou com sua obra.Não mais falar; melhor lê-lo, pelo resto dessa sombra que em mim se projeta e chamo de vida, iluminada poucas vezes com tão pouca coisa, iluminada sempre pelo sol de sua obra, a jogar invisível luz em todas as sombras de dúvida e mistério que cercam a existência, nesse corpúsculo insignificante do universo, adejando no cosmo vazio e aflito, silenciosamente ,como aquele vento eterno que vem e que passa, e sempre passará.O vento, o eterno e sublime vento do mais alto pensamento.Este que chegou aos píncaros mais altos do imaginável pelo criador dos heterônimos.
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Uma vida só não basta.Basta pouco um homem só para essa vida
13 de junho.Nascimento de um homem ou o florescer de uma entidade?Ao mundo veio,o mesmo de onde partiu para a ilusão oposta do que se é nesse mundo; pelo mundo passou, como aquele vento que passa como o tempo e sempre passará.Como sua poesia, sua gigantesca obra, uma mente nascida para a criação literária, essa poesia e obra indescritíveis pela grandeza.Essas nunca passarão.Uma glória para essa língua, descrita em descrédito por muitos como o túmulo do pensamento, essa língua portuguesa que, cá entre nós, é um privilégio para quem a conhece, pelo privilégio de se ter acesso à língua especial forjada pela mente pessoana.Ou seria pelas mentes pessoanas?Qual Pessoa?Um ou todos, sabe-se lá quantos heterônimos mais aparecerão?Artista idealista, criador de um mundo próprio, uma estética própria, subversor de tudo quanto aristotelicamente estava petrificado em arte.Não um homem, uma entidade sem dúvida.Par de grandes de outras línguas, de um Shakespeare, Dante, Goethe ou outro de igual jaez.Na língua de Camões não tem par, a não ser o próprio vate do passado do império que se frustrou.Pessoa discordaria: diria que o maior ente da língua, seu maior prosador era Vieira, outra glória da mesma.Sim, homens que são mais até do que gloriosos pelo estatuto de volume e grandeza de qualidade do que fizeram."Só a arte dura, porque só a arte é", diria ele.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário