sábado, 1 de junho de 2013

Reflexão a esmo...

   Vejo as pessoas por aí, dia a dia.Em essência, do ponto de vista básico e animal, todo mundo é muito igual.Varia um pouco uma coisa ou outra, um mais doce, um mais agressivo, um mais inteligente, outro uma mula(nada contra o simpático animal!), um mais forte, outro mais fraco.No fim, a morte democratiza tudo, a única democracia, não metafísica mas física.Tendemos a ver as coisas do ponto de vista individual; por outro lado, o que sou, o que todo mundo é, tudo se insere numa ordem coletiva, social e civilizada.Esta nos permite viver mais, ter mais conforto material; o preço é a repressão dos instintos, causando com isso a frustração dessa imensa fonte de desejos que todo mundo é.Não fosse assim, viveríamos como bárbaros, talvez nem sobrevivêssemos no planeta.
    Fico me perguntando para onde vão essas coisas reprimidas.Muita coisa vai para o trabalho mesmo; haja energia e todo mundo se queixando de que trabalha muita.Afinal, o sistema sabe capitalizar bem as energias desviadas.
    Estivéssemos mergulhados constantemente numa busca pela sobrevivência bruta, não haveria lugar para coisas como o tédio.O tédio é uma coisa que veio com a modernidade, os antigos não falavam nisso, tinham pouco tempo para o tédio, quem sabe porque a vida fosse inevitavelmente mais curta naquela época.Tinham que fazer muita coisa em pouco tempo, hoje temos mais tempo mas não fazemos tanta coisa assim(digo: coisas significativas que não sejam apenas a marcação de tempo).Enfim, a vida ficou mais prática e mais cômoda, materialmente falando.Espiritualmente falando , não sei; inclusive porque não sei bem o que vem a ser espírito.Seria o mesmo que mente?Bem, isto é questão para discussão filosófica, a qual, sem dúvida, sempre envereda pelo estético.
    Deveríamos levar uma existência pautada por valores estéticos , mas isto é impossível no mundo prático em que vivemos.Talvez o estético substituísse o religioso numa nova formalidade ética; mas o que nos resta é sempre essa religiosidade vulgar e mecanicista.As pessoas precisam , em média, de soluções mecanicistas porque viver com dúvida constante não é muito agradável para ninguém.
   Viver com a dúvida da vida, das pessoas e sobre o que são essas pessoas, de tudo que se faz ou se deixou de fazer.Menos se espera e tudo se inverte, pensa-se algo e dá o contrário.Não consigo mais fazer planos, a impotência para com o universo agora transitou para o individual de minha insignificância.Nem por isso vou morrer inercialmente.Se algo bruto e forte se abater sobre mim, sobre minha saúde, não tenho certeza de como vou reagir.Somos sempre imprevisíveis, uns mais, outros menos.
    Vejo as pessoas por aí e me assusta a fragilidade de tudo e de todos.Por isso , no fundo, tudo deveria ser visto como sagrado e não banalizado pelo universo mental da mercadoria e do consumo.Qualquer coisa, sagrada antes, pode ter o mesmo valor do que sentar numa cadeira e ver televisão. O tempo de hoje é mediado por algum processo de alienação, auto alienação, se possível.Com isso, tudo fica banal, até a vida e a morte.Com isso perdemos a dimensão do trágico de nossa existência.Se nos afastássemos da realidade frugal do dia a dia, quem sabe pudéssemos apreender, dessa mesma realidade do dia a dia, algo de mais profundo além da superfície igualmente frugal das coisas.Mas, pelo menos em alguma coisa somos todos iguais: somos todos tendentes à covardia, por processo inercial que nos leva ao inerte profundo, ao plasmado pelo silêncio absconso do universo.
   Vejo por aí, as pessoas indo e fazendo coisas, eu fazendo ou indo para lá e para cá, um pouco como formigas desorganizadas, frágeis como formigas.Estas são frágeis quanto ao indivíduo, não quanto à espécie.Afina, que espécie de coisa somos nós?Vejo as pessoas andando por aí....

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