sexta-feira, 14 de junho de 2013

O novo sempre vem.....

Ah, que eu também já fui chamado de baderneiro, vagabundo, rebelde sem causa e comunista(isso há muito tempo era parecido com f.d.p., hoje não significa muito), nas passeatas dos final dos anos setenta. E, claro, marginal, filhinho de papai, etc."Mas o que fazem, para que servem essas movimentações?",  se dizia.A ditadura fazendo água, o movimento sindical, a redemocratização, etc.Queira-se ou não, o novo sempre vem, uma espécie de vitória de Eros contra Thanatos, da insatisfação contra a acomodação, independente do ceticismo amargo dos derrotados pelo passado, do acomodamento médio à forma média de uma vidinha média de m.... regada - agora com crediários mais fáceis para viagens internacionais -  ao consumismo entorpecedor da civilização industrial do capitalismo triunfante e idiotizante; enquanto o novo neo-milagre econômico do lulismo jogou todos os canais populares na pasmaceira, o partido dele não representando mais nada em termos de avanço histórico( não que ele e Lula não tivessem sua importância, não sou idiota de negar).Claro que essas movimentações todas têm um quê de desorganizado; afinal, outrora havia outros canais de participação.Quais seriam os de hoje: a via parlamentar, o PT? Esse último o Lulismo, depois de engolir seus adversários, já inutilizou.Algo de novo terá de surgir, não sei.Quando jovem, imaginava uma revolução que não veio e talvez nunca venha mesmo.Mas as coisas têm que mudar, senão o admirável mundo novo não passará de um modo de servidão ao consumo e à diversão vazia.
     Os jovens são mais sensíveis, queiram ou não, aos absurdos que estão por aí e sempre agem, de maneira aloprada ou não, por presença maior de energia física, são termômetros mais precisos das inquietações sociais de fundo. Na história, pequenos fatos são reveladores de fenômenos coletivos, insatisfações coletivas, até mesmo inconscientes( a independência americana começou por causa de um imposto imbecil exigido pelos ingleses).Agora, gente mais velha, esperando a morte ou já morta sem saber(andando e trabalhando por mero acaso,seguindo as rodas e engrenagens da máquina do mundo), resignados à inoperância do cotidiano despolitizado, sempre vai dizer que nada de nada adianta.Vai reclamar e não fazer nada, estrilando na hora em que seu cotidiano for perturbado da pantanice moral e psicológica em que chafurda. E isso porque, queiram ou não, ver a juventude se afastando sempre dói; quem nega isso mente.Daí que nem ao menos se queira a solidariedade com vivências e emoções mais juvenis.Eu mesmo sou tentado a cair nisso, principalmente com a conversa com os mais velhos; quantos de meus pares de outrora hoje só pensam na mesquinharia de sua vidinha espiritual medíocre, no poder material das coisas;antes protestantes, hoje apenas conservadores ou mesmo reacionários. Quanta gente de minha idade quase que defendendo a ditadura? Entendendo esse conservadorismo ancião. Aquela máxima rodrigueana ,"jovens, envelheçam!", sempre a achei engraçada, mas sempre foi por mim relativizada , mesmo me sentindo um jovem-velho quando jovem,  fruto de uma educação conservadora.Mas o  pensamento rodrigueano foi forjado por mentalidade conservadora e pessimista.Tem lá suas razões, mas eu diria também : "velhos, olhem para os jovens".Pode-se pagar preço alto pelo silêncio ou omissão.Não existe neutralidade no mundo.Lei da Entropia, termodinâmica....E como dizia o Vinícius, temos que aprender a trair coisas, ao longo da vida, para nos libertar, coisas que nos foram impostas contra nossa vontade, desde valores morais e psicológicos até condicionamentos que nos levam a ser covardes sobre um monte de coisas.Tento todo dia trair algo, me esforçar em trair algo para que me liberte;para que minha alma, esta sim impossível de envelhecer, consiga sentir o sopro do novo que sempre vem e nunca morre.

2 comentários:

  1. Bonito, né? Eles chegaram. Demoraram. A gente já estava desanimando. Mas chegaram. Se vão ficar, se vão mudar alguma coisa pra valer - é muito cedo pra saber. Mas estou feliz com esse novo momento político em nosso país e no mundo.

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  2. Como dizia Sartre, sempre somos condenados à esperança.

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