terça-feira, 10 de setembro de 2013

to be or not to be ...a dog

Ah, a velha questão dos instintos!São como os elétrons e outras partículas que não vemos mas sentimos seus efeitos.Caso contrário, nem haveria luz ou estas palavras escritas aqui.Mas ainda hoje não sabemos lidar muito bem com eles, nem sabemos se, algum dia, saberemos.Depois da segunda guerra e de Freud, como ignorar que o grosso das pessoas é como a grande massa do iceberg que não vemos sob a superfície do mar? Vejo os animais tranquilos em sua existência natural e, naturalmente, me vejo tranquilo ao vê-los, intranquilo ao me ver.Estranho, não?Mas não posso ter o desprendimento de um cão.Será?Todavia, com frequência me flagro agindo de forma canina, apenas sem abanar a cauda  apenas porque não a tenho, não mostrando os dentes afiados,  porém usando adjetivos  tão cortantes quanto.
     Ser ou não ser um cão, soltar o cão residente dentro daquilo que dentro de nós não enxergamos.A tecnologia compreende, assimila, transforma e utiliza os instintos.Todos nós somos condicionados a aceitar a casinha que nos dão, a nos satisfazer com o osso adequado para que o possamos roer sem fazer muito barulho ou sujeira.Senão é pau!E não podemos passear no parque e cheirar postes ou traseiros de outros cães ou cadelas.Oh, mundo cruel!Então, para compensar vamos às compras, escrevemos, viajamos, pintamos e bordamos, bebemos e o diabo a quatro, incluindo nisso nossas obrigações hormonais.
     Numa conversa com amigos num bar, em dado momento falo que, no fundo, no fundo mesmo, como seres biológicos nascemos para duas coisas: sobreviver e procriar.Eles me olharam de forma meio estranho, não concordando, um dizendo que com isso eu estava reduzindo a vida humana à condição de um cachorro.Mais tarde, refleti e conclui que tem muito cachorro que leva vida mais humana que muita gente.Poderia acrescentar que aquele meu pensamento poderia ser acrescido de que somos mais perigosos que a maioria dos animais, incluídos os cachorros.A natureza não está aí para nos servir, ela existe independente de nós.O universo sem o homem seria ainda universo?Sim e não, pois não haveria o homem para refletir sobre o universo, ainda que ele existisse sem o homem, podendo mesmo existir sem mesmo ser universo, sendo nada, a partir do que tudo se fez.Isto, tanto faz se foi criado por Deus ou Big-bang, dá na mesma.Esses meus amigos que não concordaram comigo são pessoas educadas, inteligente e racionais. Talvez por isso conversávamos sobre aquilo, assunto que, imagino, pouco interessaria aos cães, já que pouco envolvia coisas de olfato.Mas não poria uma unha minha no fogo arriscada sobre essa mesma racionalidade deles, amigos de bar daquele momento, porque não sei o que se passa no fundo inconsciente deles. E um momento de bar é um instante insignificante de vida de uma pessoa, salvo se a mesma for dona do bar ou alcoólatra.Nem poria uma unha minha no fogo por minha racionalidade, em função das sombras dessa minha parte que é sobrevivência e procriação na forma de instinto puro,, ainda que essa parte seja razoavelmente controlada, adestrada, domesticada e.... imprevisível.E eu razoavelmente infeliz por causa disso tudo.Mas não adianta; talvez eu acredite mais na existência do inconsciente do que esses meus amigos.Mas esqueci de lhes sugerir uma estadia em ilha isolada, ao estilo Robinson Crusoé; ou uma passagem paradisíaca nas hostes de uma guarnição de exército, para se ver o quanto de bicho está escondido(será?!) dentro da gente. Para verem que tudo é sobrevivência e procriação. Talvez os cachorros concordassem com nós.Claro, há a vontade humana; e entre essa e aquela sobrevivência e procriação, a poesia.O homem é um violador da lei da entropia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário