Como estou irritado ou desanimado, um tanto preenchido por um oco de ser um avesso de um outro ser que sou, procuro ao redor alguma coisa.Tivesse eu alguma motivação externa e me dirigiria como tábula rasa de salvação.Mas só nos salvamos quando nos encontramos.
Certamente, tudo que não for sentimento é morte e, quando não estamos amando alguma coisa ou alguém, só podemos esperar pelo entorno da morte a nos envolver.
Poderia sonhar com a felicidade, palavras caindo suavemente sobre meu colo como pétalas de flores numa tarde de primavera, poderia imaginar-te bela e livre, nua ou vestida, em terra ou flutuando no espaço, meus pensamentos a ti voltados, minhas mãos ansiosas por te tocar.Mas como em verdade não existes, quedo-me no silêncio da frustração, a imagem de todos os desejos e ânsias por ti velados e debruados em desesperança.Não existes, eu te querendo como uma projeção de futuro, além do cotidiano de margens escuras que me cercam, a velha senhoria da morada eterna me acenando um refúgio de paz.Tu não és nem uma , nem muitas, nem todas, tu não passas da praia deserta que jamais alcançarei, naufragado que serei na busca incessante de teus olhos, teu sorriso, a languidez de tua carne estendida do nascente ao poente de minha epiderme vertida em sangue,Redentora da minha alma esvaída em si mesma, na trânsfuga hesitação entre o silêncio e a sombra em que nos construímos, por instantes, quem sabe anos, milênios, te sonhei como algo além das desinências dos anjos, víscera demoníaca que me envolveu em calor de sonho.Sonhei-te como algo a me arrancar do que sou, para em mim mesmo retornar ao todo em que sou e me roubo de mim mesmo, narcisismo aceso de tolice masculina, a esperança solícita que a vaidade pruriginosa do dia a dia desconstrói em meio à razão.
Mas te escapas por entre minhas mãos, escaparás sempre em teu destino de minha não seres porque o que foi jamais será aquele poderia ter sido apesar de não ter-te tido, a me fazer explodir em mim mesmo.E, ainda que tombe a sombra e, não em ruído mas em silêncio se faça essa aurora inexistente, para sempre, na eterna lembrança de uma frustração, serás o látego inapreensível a me lembrar, até o último silêncio, da verdade escondida que eras e perdi sem mesmo a ter.
Assina, então, anonimamente teu nome, _____________, tanto faz que te conheça ou não.A simples satisfação de um triunfo, o triunfo de por mero acaso e tempo roubar um homem ao seu próprio torpor.
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