segunda-feira, 26 de agosto de 2013

contemplação: a que nunca terás

Apenas Contemplar-te

Deixa-me contemplar-te na beleza que és
Deixa-me contemplar-te no que imagino que és.
Deixa-me perder nas formas que és
Deixa-me perder-me nelas como quem mergulha no oceano e não volta para esse mundo de castelos frustrados.
Como quem se esquece sob os ruídos estranhos, castrados,
que surgem das florestas, da noite misteriosa,
seja ela a noite física ou a noite da alma.
 Para, na esperança tola de uma calma,
sorver-te na luz obscura do sonho pensado,
jamais imaginado, cingido entre a multidão de sombras e sobras,
por seres em ti o reflexo das auroras que não terei
e imaginarei,
eu, pobre devoto da geometria misteriosa de tuas carnes,
imerso nos aromas oceânicos de teu sexo,
o qual, como tudo em ti. não tocarei, apenas contemplarei,
resignado e prostrado, vassalo de ti a contemplar-te
sem possuir-te,  nessa vida em que nada se possui além da certeza da morte.
Apenas olhando, como quem se lança ao silêncio de uma paisagem.
Para no final, a ti romper em soluço meu peito,
tu, metade estranha e igual ao que sou,
apenas, quem sabe, uma forma distinta de outra face da moeda,
tu, estranha forma de eletricidade de polos opostos ao meu,
distinguir-te como algo que já tive, não terei,
sombra florescente onde sempre morrer sonhei.
Deixa-me contemplar-te, apenas, sem tocar-te,
no mundo em que solidões e silêncios confraternizam,
para, de alguma forma e só simplesmente amar-te.


Nenhum comentário:

Postar um comentário