sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Sobre deusas e capachos

Picasso uma vez falou para sua penúltima mulher(não tão penúltima assim...) que para ele só existia dois tipos de mulheres: as deusas e os capachos.Bem, como o gênio era radical demais, podia - prerrogativa de excepcionais -ser extremado em suas colocações.Será que para ele, a condição de capacho significava que a mulher podia ser pisada?Ou não se olha para o chão quando se pisa o capacho? Sempre é meio estranho dizer-se completamente indiferente à presença de uma mulher, ainda que essa não nos desperte interesse particular. Ainda sou um cara das antigas, que cede lugar para mulher em ônibus ou, pelo menos, me sinto incomodado comigo mesmo se não o faço.Essa penúltima mulher(vítima e privilegiada ao mesmo tempo, como ocorre com figuras que  se relacionam com gênios) foi esperta e caiu fora, antes de sentir a sola pressionando suas ancas.Mas a colocação do Picasso é, por assim dizer, característica de tudo que envolve o ser totalmente integrado(artista-homem) que o cidadão era.Afinal, coisa de Picasso ou de Chaplin, homens que não podiam ficar um dia sem uma mulher ao lado, embora, no fundo, não dessem a mínima para a dita cuja.Chamaria de interesse desejante pragmático.Sabe como é: aquele papo de ruim com elas , pior sem elas.Ou seja: no fundo a deusa era um capacho que se pisava delicadamente.Mas compreendo os tipos como eles , ainda que anos luz de distância me separem da genialidade deles e eu tenha sido mais vítima do pisar alheio do que o contrário, porque, no fundo, homens são homens e nada mais do que homens, como dizia o imortal bardo inglês.Ainda que haja homens que frequentem as regiões mais próximas do chão, ocupando uma posição intermediária, um tipo alternativo de passadeira.Mas não radicalizaria tanto quanto o Picasso na generalização, ainda que a considere engraçada.Prefiro as qualificações termológicas :  há as adiabáticas e as diatérmicas.Ou seja, as com que trocamos calor e aquelas que estão em isolamento térmico.Talvez, na verdade, isso se aplique a todos os relacionamentos; apenas a calorimetria entre homem e mulher é mais complicada.Mas não sei onde se enquadra mãe nisso tudo...Freud explica.Explica?!

Um comentário:

  1. Elucubrando: a mãe, na versão "positiva", seria o modelo da deusa - inatingível, venerável. Na versão "negativa", distópica, seria aquela diante de quem o "homem" se sente diminuído, impotente, então, pra se vingar, ele a transforma em capacho e pisa nela…

    Eu continuo me sentindo alheia a esse mundo de "homens" e "mulheres". Não me encaixo.

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