Cada dia que vejo o noticiário, me dá uma vontade de fugir, juro!A comissão de direitos humanos na mão de um troglodita medieval, moleque arrancando braço de ciclista em alta velocidade, julgamentos com penas ridículos para crimes hediondos.Agora vem um papa, essa imponência fardada de mensageiro divino, representante claro da omissão de homens de batina frente a homens de chacina.Bem, que fazer, esse mundo está louco.Aliás, como sempre esteve, apenas a informação era menor.Posso me refugiar nos sonhos, mas o mundo sempre chega de fora, por dentro ele é outro, igualmente conturbado mas me parecendo mais humano.Mas a humanidade está fora de mim, não sou só no mundo, só existo em relação aos outros.Mas se os outros são uma outra forma do que sou, o que sou é sempre uma frustração do que eu e o resto do mundo poderiam ser.Nada a fazer.Passear pela arte e pelo deleite, pelas formas estranhas,misteriosas e belas desse mundo, tudo meio sagrado, de um tronco de árvore estranho às estranhezas das curvas femininas, minha solidez racional se desmanchando a um sorriso, no canto escuro de cada cotidiano um espanto constante.As loucuras da política e da violência estridente do mundo, e ainda me cobram se questiono o que é felicidade.Outro dia uma mulher ficou irritada comigo porque lhe disse que ela era feliz por acreditar em felicidade porque eu, pessoalmente, não trabalho com esse conceito, para mim abstrato demais.Trabalho mais com a ideia de dor menor, de número de frustrações menor numa existência, num universo que não foi construído para meu prazer.Ela me chamou de arrogante, de senhor da verdade, logo eu que só trabalho com o conceito de verdade relativa...Sorte dela se é feliz, se se julga feliz. Otimistas sempre me pareceram pessoas mal informadas, pessimistas pessoas com informação demais.De minha parte vejo tudo muito aflito, os dias passando rápido.Estou vivo, mal sei se levanto amanhã, estou andando e driblando a morte e pouco sei sobre o agora ou o amanhã.Arrogante eu, ou seria uma irritação dela para com a minha ironia?Disso não abro mão, não vejo como não enxergar as coisas desconfiando e ironizando, talvez um vício de caráter, confesso.
Mas que estou cansado estou, teria vontade de fugir para alguma Pasárgada, mas não tenho amigo rei em lugar algum , embora, cá entre nós, não fosse mal uma prostituta bonita prá gente namorar, desde que se pagasse com carinho.Não como o personagem de peça shakespeareana, não vou trocar meu mundo por um cavalo, mas faria de bom grado uma permuta por esperança.Para aumentar a chance de perspectivas, nessas improbabilidades do dia a dia, na fragilidade do cotidiano cimentado por certezas voláteis.Mas que fazer, sempre somos condenados a um futuro, ainda que só haja presente.Habemos esperança.Isso me importa, pouco se me dá quem é o novo representante de Pedro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário