segunda-feira, 23 de maio de 2011

dúvida, sempre dúvida, sempre duvidar...








     As pessoas são naturalmente desconfiadas frente a atitudes despojadas.Não é do nosso cotidiano conviver com a espontaneidade, exceto quando somos ativados por algum artificialismo químico.A máscara que carregamos é mutável de acordo com as circunstâncias ou conveniências de nossa sobrevivência.Com isso a desconfiança surge como mecanismo de resistência aos agentes externos atuando sobre nossos egos.O que chamamos de relações sociais é um emaranhado de interações de consciências.Essas, por sua vez, são condicionadas por impulsos represados pelos mecanismos  de controle social e civilizatório.É como se vivêssemos em uma peça sem direção e com roteiro indefinido, regido por um texto cheio de aleatoriedade.Viver não é apenas pensar para existir, desejar para se sentir presa da vontade, também  para existir.Viver é duvidar para existir, existir para duvidar.
     Sinceramente, fico em dúvida sobre tudo, não tanto pela minha capacidade de elaboração mental, mas sim pela grande capacidade de ilusão proporcionada pelos sentidos , iluminados pela surda luz dos hormônios animais.No fundo somos um amontoado de emoções mal conformadas, apenas amestradas.Toda emoção domesticada é emoção castrada.Por isso sempre me senti incomodado com a presença de animais domésticos, já que algo  de deformado ou deformante age na natureza íntima desses seres dependentes dos caprichos e mazelas do tão volátil temperamento humano.Tenho muita pena da dependência criada pelos animais.Nisso, o ar de desdém aristocrático dos gatos me fascina.Contudo, quem já não contemplou o horror da humilhação na cara de um animal ...ou de um ser humano?

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