Por que
teria de engolir tanto embuste por aí, se nem ao menos me submeto aos embustes
que a mim mesmo imponho?Podemos ou não reconhecer os filistinismos e covardias
que praticamos, sem que nos rebaixemos por isso.Fui educado para as “pavonices” que todo mundo aprende, mas não tenho mais
vontade de sustentar as penas, prefiro ficar como galo depenado sem peias por
aí.O narcisismo é perfeitamente natural, já que os distúrbios de instintos e
libidos favorecem-no, o capitalismo o agradece.Mas chega hora em que o enjôo
dele, narcisismo, vai além daquela náusea existencial.De tanto viver um
personagem, acaba-se por não mais distingui-lo da realidade.Vivemos no mundo da
imagem, mas o que vemos dificilmente é o que enxergamos, porque muita coisa é
filtrada pelo preconceito e pela ausência de juízo crítico.A comunicação é
fácil, o contato expressivo e profundo sempre mais difícil.Mal temos controle sobre as
caricaturas que forjamos para nós mesmos, apenas para satisfazer o reconhecimento
social.Mas será que isso vale a pena mesmo?
Por que
teria de engolir tanto embuste por aí, se nem ao menos me submeto aos embustes
que a mim mesmo imponho?Podemos ou não reconhecer os filistinismos e covardias
que praticamos, sem que nos rebaixemos por isso.Fui educado para as “pavonices” que todo mundo aprende, mas não tenho mais
vontade de sustentar as penas, prefiro ficar como galo depenado sem peias por
aí.O narcisismo é perfeitamente natural, já que os distúrbios de instintos e
libidos favorecem-no, o capitalismo o agradece.Mas chega hora em que o enjôo
dele, narcisismo, vai além daquela náusea existencial.De tanto viver um
personagem, acaba-se por não mais distingui-lo da realidade.Vivemos no mundo da
imagem, mas o que vemos dificilmente é o que enxergamos, porque muita coisa é
filtrada pelo preconceito e pela ausência de juízo crítico.A comunicação é
fácil, o contato expressivo e profundo sempre mais difícil.Mal temos controle sobre as
caricaturas que forjamos para nós mesmos, apenas para satisfazer o
reconhecimento social.Mas será que isso vale a pena mesmo?
ARTE,SUCESSO,ILUSÃO....
Já faz tempo
que dou aula de artes.Lembro-me com clareza de me defrontar, quase que
diariamente, com alunos com pretensões nem um pouco pequenas.Por sinal,
torna-se interessante esse cotidiano de contato frequente com tanta ambição,
muito comum em artes plásticas.De certa forma tem a ver com a cultura educativa
nessa área, como já observou de certa feita o estudioso e famoso crítico de
arte Herbert Read.Curiosamente, tal
contexto de ambição e sucesso fácil é algo incompatível com a realidade econômica
e o processo de circulação de mercadoria e capital dentro do que se chama de
“sistema de artes”, um jogo com cartas marcadas e dependente de coisas que vão
além do simples talento ou esforço individual.Muito do sucesso do capitalismo
moderno depende de que a maioria não saiba realmente como ele funciona,
incluindo aí todos os estratos sociais e culturais, artistas incluídos.Às vezes
, em sala de aula, parece que ninguém
por ali está preocupado em se aperfeiçoar apenas em função do próprio
aperfeiçoamento; sempre há um mirar distante, visando a glória e, por que não,
a fortuna.Vivemos num mundo de exaltação da celebridade, ainda que essa dure
poucos minutos.É difícil para um professor, no caso, instilar valores de
ceticismo e realidade sem quebrar esse castelo de sonho, forjado em ambição de
glória, fortuna ou sucesso.No fundo, nada disso tem a ver com a arte.Porque, em
realidade, toda glória acaba sendo vã, o sucesso não traz necessariamente a
felicidade e a tal da imortalidade, aparentemente, não pode ser fruída além de
nossa dimensão de mortalidade.Como dizia a Tarsila, o importante é fazer as
coisas com amor e dedicação, com o máximo de aplicação e concentração de energias; o resto, sucesso
e reconhecimento incluídos, não passa de acaso.Sempre como cartas enviadas sem
expectativa de resposta.É tudo mais ou menos como felicidade amorosa – se é que
ela realmente existe, ainda que eu não possa servir de referência – que não se
expande ao infinito, reside em momentos de felicidade pelos influxos de vida
que se manifestam na vida.O mesmo se dá na arte.
Daí que é difícil falar àquele jovenzinho ou jovenzinha que o
mais importante, pelo menos em arte, é se esforçar, estudar, aperfeiçoar-se no
sentido de crescer enquanto humano individual.Muito mais importante do que a
glória ou sucesso, porque esses serão
sempre transitoriedades como a vida de qualquer um.Sempre o acaso envolve tudo,
na corda bamba entre a vida e a morte, não se podendo ter certeza quanto a
nada, inclusive sobre o resultado de nossos esforços.
Podemos dizer que, se não nos trouxer felicidade, isso pelo menos nos
fará um pouco menos infelizes.Por isso, queira-se ou não, talvez as dores dos
grandes e dos pequenos artistas sejam as mesmas.E tanto um quanto outro, como
me disse um querido e valoroso artista já morto, merecem respeito por isso: por
fazerem o que gostam.Rodin também frisava esse papel do artista na
sociedade.Afinal, todo esforço humano , animado pelo amor e norteado pela
sabedoria e razão humanas, merece respeito.
Vi imagens de execuções públicas no Irã, por
enforcamento.Será que o falastrão-mor do governo de lá vai falar que aquilo
também são efeitos especiais de cinema americano?Mais ou menos como ele diz
ocorrer nas imagens de campos da segunda guerra.Só na China se executa mais do
que no Irã.As execuções no Irã são toscas, usando um guindaste e um tambor de
combustível como patíbulo(o carrasco empurra o tambor para o corpo
cair).Provavelmente, com essa tecnologia menos "humana" que a
guilhotina, a maior parte dos executados morrer mesmo por asfixia.Desumano?Sim,
como desumano também é matar por injeção letal.Não existe assepsia perfeita no
matar, porque a morte, em si, não tem nada de asséptica.Seja no Irã, Estados
Unidos ou China, tanto faz.A pena de morte apenas serve para maquiar, por meio
de leis e instrumentação pseudo-moral, a animalidade escondida em cada um de
nós.Uma forma de disfarçar a vergonha pela nossa vocação para degradar as
coisas ou as pessoas.Imaginem um expediente desse num país como o nosso, com
leis não levadas a sério ou de forma confusa, falta de educação e cultura ,
oportunistas sequiosos de barbárie e sensacionalismo.Ou, por acaso, seríamos os
bárbaros de boa índole?
Penso que
eloqüência é a capacidade de dizer tudo que é preciso e somente o preciso.A tagarelice
é imprecisa por precisar do que não é preciso.A profundidade precisa de ser
precisa.Mas nossa época, cultura e economia primam por precisar da imprecisão.
Há um
determinado momento na vida em que já não se perde tempo, um momento onde cada
tempo vivido é tempo ganho porque ele, tempo, já está se esgotando.Tempo
perdido é luxo de juventude.O que seria se nosso referencial de tempo fosse de orientação decrescente e não
crescente?Vivemos sempre dentro da perspectiva de tempo aberto, quando na verdade
tudo sempre conspira para nos fechar.
Como, na
verdade, sempre somos mais fracos do que nos imaginamos, não falta o momento
oportuno para que nossa fraqueza se manifeste tripudiando sobre a fraqueza
alheia.Aqueles sórdidos momentos em que a solidariedade humana vai pro
buraco.Do qual, por sinal, muita gente imagina
jamais ela ter saído...
Eu me lembro
de que, quando comecei a frequentar estádios e o mundo do futebol, lá pelos
agora distantes anos 60, havia hostilidades leves e provocações entre as torcidas.Nada
que se compare à baixaria generalizada de hoje; a qual, por sinal, não custa em
descambar em violência quando há cultura baixa e ignorância.Pior: nem mulheres
escapando disso, desse festival de descortesias(para se usar eufemismo!) e
vulgaridades televisíveis.Talvez porque isso tudo agora seja inerente ao futebol.Ou talvez,
parafraseando um pensador francês, assim como " a hipocrisia é uma
homenagem que o vício rende à virtude", o futebol não passe do mau gosto e grosseria rendendo tributo aos
bons modos.É como sempre digo: o importante mesmo é a arte, os artistas um
"mero detalhe" que a viabiliza.Por isso é mais fácil gostar do
jogo(não essa coisa que se anda praticando no país...) do que do resto que o
envolve; difícil mesmo é suportar a tranqueira do torcedor com sua inquietação
"decibéica" extrovertida.Talvez porque se grite muito em televisão,
hoje em dia.Mas, enfim, eu sei que tudo isso é idealismo de minha parte.Afinal,
onde penso que estou vivendo?O problema é que, por aqui, parece que vemos
política com a mesma óptica do locutor de jogo...Muito "graúdo" e
líder carismático já entendeu isso faz tempo!
Elaborei uma
nova grandeza psicofísica: a quantidade de movimento existencial.Produto de
nossa massa inercial(incluindo aí o conformismo) pela velocidade de atuação
social(escalar e vetorial).A força de atuação vital seria então a
derivação dessa velocidade em relação ao
nosso tempo de vida, o que implicaria na possibilidade de se andar para trás ou
simplesmente ser ponto zero(morto) no quadro social de conjunção de partículas
humanas.
Para quem se
queixa de que "mulher custa caro, de uma forma ou de outra", vejam só
o que se gastou para se achar a tal "partícula de Deus"(título que
desagradava o próprio Higgs cujo nome é usado na mesma); sendo que essa
partícula, materialmente falando, nem ao menos existe(de acordo com o senso
comum, o qual não trabalha com a abstração de modelos matemáticos), como todas
as demais inapreensível, sendo apenas a captação de emanações
físico-detectáveis cuja essência não podemos nunca precisar.Aliás, mais ou
menos como as próprias mulheres.
Outro dia
fui convidado a entrar numa associação de ateus e agnósticos.Agradeci o
convite, ainda que me considere agnóstico(apesar de toda doutrinação religiosa
pela qual passei na infância), mas o
achei desnecessário para minhas convicções.Não quero fazer proselitismo de nada
e respeito o direito de qualquer um acreditar em qualquer coisas, desde ets até
espíritos adejando por aí.Sou vítima, por assim dizer, da crença em minhas
limitações sensório-cognitivas.Aceito o fato que viver sem deus, deuses ou
coisas transcendentes é mesmo "barra", não é para qualquer um.Aceitar
o nada não é nada fácil, sem trocadilho.Desde que uma coisa não me seja imposta
ou imposta à sociedade, sem consenso democrático, tudo bem.Tem muita coisa nesse mundo que não
gosto, não compartilho, me marginaliza, causa muito sofrimento, mas acabo por
respeitar por ainda ser um ser social.Essa Humanidade ainda é a única que
tenho, salvo se alguma nave me abdusir
para algum turismo intergalático.Mas acho que só a ciência e a arte nos
libertam."Guiados pelo conhecimento, inspirados pelo amor", como
dizia o conceito de virtude de Bertrand Russell(agnóstico declarado, desde a
infância).A religiosidade e a metafísica funcionam bem, têm até um papel
construtivo, não nego, na arte.Mas na ciência e na vida prática, para mim, são
um horror.Prefiro terapias mais dentro da minha dimensão dessa espacialização
de campos agora compostos de partículas de deus que chamamos de realidade.
Considero-me
um cara sem ilusões.Será que é porque li Freud muito jovem?Em todo caso, é
preciso ter coragem para assumir isso; pelo que vejo, ainda não reuni o
suficiente para isso.No espelho, confesso, sinto sempre algo de admiração e
repulsa ao mesmo tempo.Vejo as pessoas mais novas enveredando pelos mesmos
problemas e erros de sempre, apenas numa velocidade mais rápida, compatível com
a era da informática.Mas não creio que o mundo seja uma roda sempre girando em
torno do mesmo centro.O universo ainda se expande, a espiral que se abre é o ritmo que vejo nas coisas, a lei da
entropia ainda vale e o bóson de Higgs não nos trará a tal palavra
divina.Apenas nos revelará que conhecemos quase nada sobre tudo, seja física
quântica, relações humanas, amor, arte, etc...
Em seu famoso texto sobre o Método de
Leonardo da Vinci, Paul Valéry diz que “uma obra de arte deveria ensinar-nos
sempre que não havíamos visto o que vemos.A educação profunda consiste em
desfazer a educação primitiva”.Isso poderíamos chamar de distanciamento
involuntário ou espanto(Baudelaire) que o contato com a grande arte produz.O
que nos afasta involuntariamente nos seduz e atrás, assim como aquilo que nos
desperta temor.Ainda que feita por pessoas, contudo, a arte não é como as pessoas.Dessas enjoamos mais
facilmente.A arte ruim , que é a maior parte da produzida, é mais ou menos como
a maioria das pessoas: fica tudo no invólucro e na superfície e acabamos por
não ser atraídos para profundidades maiores de suas essências.Mas esse é o
reino da normalidade; o contrário seria o reino do estético.Como diria o mesmo
Valéry, “ a essência é contra a vida”.
Estou
proibido de fumar cachimbo ou charuto.Isto se quiser ainda manter a língua
ou não a ter em fogo constantemente, ainda que eu já a
tenha queimado várias vezes por outros motivos que não a fumaça.Mais um de meus
poucos prazeres e regalias roubados de
mim pela vida.A continuar assim vai me sobrar mesmo o desenho, a pintura,
ouvir, música e olhar mulheres bonitas; isto enquanto houver ainda olhos e
ouvidos funcionando, se um acaso biológico não evitar de pedalar, rabiscar ou outras atividades de
psicomotricidade(voluntárias ou não, nunca saberei...).Mas ela, vida, é assim
mesmo: pouco a pouco vai nos roubando as coisas, até o ponto em que ela própria
se nos rouba sem a menor formalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário