quarta-feira, 11 de maio de 2016

reflexão melancólica sobre momento melancólico

Então é assim mesmo.Tão enfurnado na “poltrona de minha melancolia” tenho que ver isso tudo que está aí.O tempo passou e caiu como uma pedra na cabeça e tenho que ver tanta coisa degradada dentro e fora de mim.Será que a história tem uma filogenética própria nos moldes da biologia?
     Assoberbado em minha sempre viciosa subjetividade pequeno burguesa, a mesma que me causava outrora certo remorso na inação política(“seu anarquismo, sua irresponsabilidade!”), vejo um momento em que os ares parecem assumir tons bem mais sombrios. Essa nossa terra cheia de sol é cheia de sombras lançadas por nuvens de cretinice. Nada a me causar surpresa, exceto pela rapidez estranha dos acontecimentos. No Brasil só sacanagem é que anda rápido. Para esses corvos, abutres e hienas políticas, resta-lhes a ejaculação precoce de sempre. De certa maneira, julgo-me presunçosamente sábio por me espantar com tudo, ao mesmo tempo que nada mais me surpreende. Ainda mais em política institucional que atua em meio ao analfabetismo político da população.Pior que as ilusões são os erros cometidos. Nós os cometemos frequentemente, os grupos aos quais pertencemos também, com a vantagem da culpa ser dividida.Com isso o remorso é menor?Agora estamos nisso aí, eu, aqui na solidão de meu quarto, tentando me aliviar com brumas imaginárias pela fumaça de meu cachimbo. Se ligar o rádio temo por uma súbita náusea que me mostraria o que almocei.Querendo ou não, o mundo lá fora vai me pegar, independente de minha vontade. Eu, assim como essa frágil porcariazinha que chamam de mundo pouco representamos para o universo.Sorte de quem acredita em deus. Eu, sou um homem de azar.E azares.
      Os poderosos sempre estão ativos em suas cavernas e escritórios, discutindo as formas como o poder, a grana e outras coisas serão divididas. E que o resto, a raia miúda, a turba ignara que produz o grosso da riqueza do mundo  venha atrás. O Brasil parece ainda ser uma hipótese em andamento, um experimento criado em bases laboratoriais deficientes e com metodologia errada.Quando os fins justificam os meios, esses  últimos podem gerar fins não imaginados. Dificilmente o resultado é bom.E toda “democracia” tem algo de farsesco.Cabe agora fazer o balanço, em meio a sabe lá o que virá.Ser otimista agora seria ser algo além de mal informado, seria convicção na própria burrice.Quando se fica acomodado as forças externas passam por cima da gente. Somos sempre vítimas de nossa ação ou inação.Talvez esse tenha sido o erro de tanta gente, gente como eu e que continua sendo gente que espera alguma coisa. O que nos resta: esperar.Quem não espera por algo morre logo, já que passamos toda a vida esperando por apenas uma certeza, a morte.
      Em todo caso, o país não vai morrer, as coisas vão prosseguir, muita gente vai entrar numa fria e a grande senzala natural continuará sendo mantida em seus estábulos de inércia, no diminuição da ração de angu.É o que sonham os poderosos, os de ontem, hoje e sempre.Nossa história e seu tecido são plenos de tragédias, grandes e pequenas.
     Vou ficar aqui, vou sair daqui.Amanhã, como tudo nessa vida, terá que haver muita vontade e imaginação para  se continuar.Andamos para a frente, andamos para trás.O problema é definir se o movimento que prevalece é progressivo ou regressivo.Não haverá guerra explícita, mas batalhas não faltarão.Como meus ancestrais, serei eu apenas mais um de uma geração vencida, como me diziam avós e outros mais velhos?Não sei.Mas sei dos erros que cometi e ainda cometerei.Talvez a esperança seja apenas mais um deles.Mas preferível é errar tentando, como em tudo, como na arte, como na vida.Possível é que tudo, absolutamente tudo ocorra.Inclusive nada.Mas a vida é assim mesmo.Se até mesmo revoluções muitas vezes resultam em poucas coisas ou mudanças....
    Mas estando ou não enfurnado nessa tal “poltrona melancólica”, nada anula o nojo ou desprezo que brota fundo, como um secreção de ferida na alma.Esperar que o pior não venha.Mas pode vir, por que não?

   Ainda bem que há jovens no mundo.Os futuros erros podem ser menores que os atuais.Todos cúmplices e vítimas  nesse circo, pelo menos não aceitei usar o nariz de palhaço.

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