domingo, 18 de dezembro de 2016
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
João Dória, nosso prefeito higienista
Ah, nosso prefeito engomadinho recém eleito acha que nossa cidade está um lixo.Logo, no fundo, quer limpá-la, colocá-la talvez nos padrões de limpeza e higiene dos altos padrões de vida de nossa sofisticada e brega burguesia.Quem sabe, para melhorar, espalhar pela cidade vaporizadores, não contra mosquitos de dengue, mas para perfumar os ares paulistanos com perfume francês comprado em Miami. Comprado sem licitação, óbvio.Mas sim, há o problema dos pobres, os infectos ares derivados da periferia e dessa gente toda sem modos e que fala alto.Bem, esqueceram-se todos dos desníveis de distribuição de renda e riqueza na Babilônia paulistana.Pode ser que nosso prefeito-gestor ache que o problema mesmo sejam os pobres.Ah, como são feios os pobres e os de periferia, não é mesmo?Não é mesmo, senhor prefeito?E aquele negócio de Virada Cultural, santo deus!, quanta sujeira, barulho, gente mal vestida, turma de periferia, roubo, pobres causando distúrbio de noite com suas abjetas "feiuras", jovens baderneiros, mijo, mal odor, etc.Ah, isso não pode não, não é senhor prefeito?Por que consertar se é melhor acabar de vez?Põe todo mundo no curral, já que é tudo meio animal mesmo.Optimização de gestão.Olhem os gráficos.Parece que disso o sr.prefeito entende.De política nadinha.Afinal, ele mesmo diz que não é político e sim gestor.Se funciona na sua empresa por que não funcionaria na cidade, deve pensar o perspicaz alcaide, essa cria cancerosa de nosso insuportável governador.
Prefeito preconceituoso e higienista. Esse é o ideal de político daquele que diz que não é político, e sim gestor.Pode mandar todos seus secretários participarem de reunião vestindo preto e branco, tudo aparentemente limpo e bonitinho, que nem por isso os livrará da gosma de reacionarismo que inundará esse gabinete, da lixívia de caráter que escorre de suas falas e comportamento..Seu futuro porta voz diz que a concentração dos eventos é para conter a turma da "perifa".Ah, na campanha, o futuro gestor dizia que era trabalhador e ia trabalhar para os pobres.No fundo, como boa parte da população dessa cidade ignara, tem é nojo de pobre.Ah, São Paulo, tão rica, a tal da locomotiva que bate pino, não tem pobre, não é mesmo?Quem não quer ver pobre por aqui, que não saia de casa, mais ou menos como deve fazer sua ridícula esposa dondoca que não sabe onde fica o Minhocão.
Talvez ele, futuro alcaide paulistano, quisesse concentrar o evento da Virada para além da Serra do Mar, no meio do oceano, para enterrar toda aquela turma da "perifa" que "suja" o centro.Mas não se atormente, sr.futuro gestor-alcaide, que mesmo o fedor da pobreza e da perifa um dia desaparece, mas o fedor moral de personalidades repulsivas como a sua, ah, esse é eterno, além de sua morte , a de um já morto-vivo engomadinho, e da de todos os perifas que gente como o senhor no fundo tanto despreza.
Que se façam então Viradas independentes do poder público, movimentos autônomos e populares, não se submetendo aos ditames de um poder público apodrecido e desprezível.Esse Dória ameaça fazer uma gestão que, comparada, fará a de figuras lamentáveis como Janio ou Kassab parecerem socialistas radicais.Nosso prefeito gostaria mesmo é de ser um sanitarista.Conhecemos bem tipos que pensam como ele.Um certo austríaco que atormentou o mundo com a segunda guerra aparentemente era pessoa de muito asseio que não hesitava nem ao menos em usar recursos térmicos para ampliar a limpeza da casa.
A cultura sempre independe e se auto-cria à revelia dos aparelhos de estado.Coisas que surgem por meio dos movimentos culturais tendem a ficar, coisas como esse prefeito-gestor nem serão notas de roda pé no futuro da história.Apenas mais um dos ridículos retratos pendurados de prefeitos que ornamentam a sede da prefeitura.Porque cultura é vida e gente como Dória não passa de expressão dissimulada de morte.Nessa vida, é sempre a luta entre Eros e Tánatos.
Prefeito preconceituoso e higienista. Esse é o ideal de político daquele que diz que não é político, e sim gestor.Pode mandar todos seus secretários participarem de reunião vestindo preto e branco, tudo aparentemente limpo e bonitinho, que nem por isso os livrará da gosma de reacionarismo que inundará esse gabinete, da lixívia de caráter que escorre de suas falas e comportamento..Seu futuro porta voz diz que a concentração dos eventos é para conter a turma da "perifa".Ah, na campanha, o futuro gestor dizia que era trabalhador e ia trabalhar para os pobres.No fundo, como boa parte da população dessa cidade ignara, tem é nojo de pobre.Ah, São Paulo, tão rica, a tal da locomotiva que bate pino, não tem pobre, não é mesmo?Quem não quer ver pobre por aqui, que não saia de casa, mais ou menos como deve fazer sua ridícula esposa dondoca que não sabe onde fica o Minhocão.
Talvez ele, futuro alcaide paulistano, quisesse concentrar o evento da Virada para além da Serra do Mar, no meio do oceano, para enterrar toda aquela turma da "perifa" que "suja" o centro.Mas não se atormente, sr.futuro gestor-alcaide, que mesmo o fedor da pobreza e da perifa um dia desaparece, mas o fedor moral de personalidades repulsivas como a sua, ah, esse é eterno, além de sua morte , a de um já morto-vivo engomadinho, e da de todos os perifas que gente como o senhor no fundo tanto despreza.
Que se façam então Viradas independentes do poder público, movimentos autônomos e populares, não se submetendo aos ditames de um poder público apodrecido e desprezível.Esse Dória ameaça fazer uma gestão que, comparada, fará a de figuras lamentáveis como Janio ou Kassab parecerem socialistas radicais.Nosso prefeito gostaria mesmo é de ser um sanitarista.Conhecemos bem tipos que pensam como ele.Um certo austríaco que atormentou o mundo com a segunda guerra aparentemente era pessoa de muito asseio que não hesitava nem ao menos em usar recursos térmicos para ampliar a limpeza da casa.
A cultura sempre independe e se auto-cria à revelia dos aparelhos de estado.Coisas que surgem por meio dos movimentos culturais tendem a ficar, coisas como esse prefeito-gestor nem serão notas de roda pé no futuro da história.Apenas mais um dos ridículos retratos pendurados de prefeitos que ornamentam a sede da prefeitura.Porque cultura é vida e gente como Dória não passa de expressão dissimulada de morte.Nessa vida, é sempre a luta entre Eros e Tánatos.
sábado, 3 de dezembro de 2016
A vida é sempre tentativa em se tentar viver
Meu sobrinho querido arranjou uma qualificação de trabalho no exterior e já viajou.Conveniente , se pensarmos na constante insolvência que nos atabalhoa a vida no país.Que tenha sorte, além daquela que bateu em sua porta oferecendo essa oportunidade.Toda oportunidade é abertura para uma aventura.Nessa vida, em momentos de encruzilhada, surgem ocasiões em que se tem de ousar.Ou se tenta ou não; o futuro nunca é certo mas pode encerrar um certo amargor por não se tentar, pelo que não se tentou.Melhor fazê-lo, mormente quando se é jovem e o risco da incerteza é melhor enfrentado.Pelo menos pode-se dizer: ousei.Isso é válido para tudo na vida, seja profissão, opção ou forma de encarar a vida, até mesmo tocar para a frente um relacionamento afetivo.Vivemos sempre permeados por risco e dúvida.A clausura de uma vida mais estagnada, aparentemente sem risco ou mais mediocremente burguesa e conformada, nada nos garante, nem mesmo uma paz de espírito sonhada para a velhice.Porque mesmo que essa última, a paz, sobreviva, ainda há a morte.Daí não há solução para o que somos, tenhamos ou não convicção religiosa ou transcendente: ou se viaja, para dentro de nós ou para fora,para o mundo, além das fronteiras de nossa vida cotidiana ou dos limites de fronteira que são traçados em torno de nosso coração, mesmo contra nossa vontade.Quando tivermos que ajustar as contas com a "velha senhora" teremos como referência apenas uma coisa: tentei ou não?É um luxo enorme exercer essa prerrogativa de se tentar.Nunca escaparemos de acertar nossas contas conosco ,sendo ao mesmo tempo juiz e juri de nossas atitudes..A vida é frágil mesmo e quase sempre ela mesma não nos basta.Por isso somos prisioneiros de dois sonhos, talvez impossíveis: felicidade e eternidade.Quem sabe a raiz de muita criação, qualquer que seja ela, resida aí.Não importa, mais vale é tentar.Uma dúvida a menos no meio de tantas outras.Tentamos levar a vida da melhor forma possível, com menos dor ou frustração.Nem sempre funciona.Afinal, talvez a vida não tenha sido mesmo forjada para nossa felicidade, esta não tendo enquadramento no plano de nossas existências.No fundo, uma constante tentativa em simplesmente tentar viver. Tentar viver, tentar trabalhar, tentar amar qualquer coisa ou pessoa, esta a mais difícil talvez.O que já não é pouco, convenhamos.Os dados sempre são jogados à nossa revelia.
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
DEMOCRACIA E DITADURA NO BRASIL
A DEMOCRACIA NÃO PASSA DE UMA VARIANTE DE DITADURA .PELO MENOS NO NOSSO CASO
Pensemos bem: não vivemos numa ditadura militar mas, todavia, estamos submetidos a um tipo diferenciado de estado ditatorial.Nem me refiro aqui às formas arbitrárias, irracionais e autoritárias com que somos tratados pelos poderes executivos, mas a maneira como esses poderes, além de outros como o judiciário, nos tratam e tratam a coisa pública.Coisa pública, essa, por sinal, mantida por impostos e pelo trabalho humano da população que gera a riqueza, a qual mantem o aparelho de estado que sustenta, políticos, juízes, polícia, etc.Em vista da desfaçatez com que agem deputados ou senadores-basta vermos essa vergonhosa tentativa de salvar a vida de tantos deles com a anistia do caixa 2 de campanha- eu me sinto como se, impotente, ficasse à mercê de suas ganâncias e falta de senso cívico e legal.Ah, sim, vão dizer: foram todos eleitos democraticamente.Sim, sem consciência pela massa votante.Ou seja, concluo que vivemos numa espécie de ditadura em que elegemos aqueles que agem arbitrariamente sobre nós, não dão a mínima para a opinião pública.Uma ditadura consentida, isso é o que acaba sendo.Apenas querem manipular essa opinião pública, contando com o apoio explícito ou silencioso de grandes mídias que os aprovam.Os políticos são como gerentes designados pelos poderosos.Nunca atentam contra os interesses de seus verdadeiros patrões.Podem fazer uma ou outra concessão popular mas quando a coisa fede para o lado deles, ou é arrocho ou é porrada.E com isso não passamos de hienas passivas, desorganizados e sem representação política efetiva.A desmobilização popular produziu esse estado de coisas. A mobilização popular, ao contrário, atua ou pode atuar contra tiranias e contra todas as formas, disfarçadas ou não, de ditaduras.Todos colaboraram nisso, porque interessava.E afirmo:TODOS! No final das contas, o que sinto é que a tal da democracia não passa de uma ditadura sutil(nem tanto assim!) por meio do voto.Ou seja, o estado como opressor e não como regulador, que deveria ser seu papel.É isso ou uma ditadura escancarada e brutal.Que fio da navalha, hein?Nessa hora, minha alma profunda meio anarquista se rebela, mesmo com minha consciência me afirmando não acreditar no anarquismo como forma de organização política.Apenas poreja algo do fundo de meu ser, uma expressão espontânea num mundo de artificialidades imbecis: que MERDA!
Pensemos bem: não vivemos numa ditadura militar mas, todavia, estamos submetidos a um tipo diferenciado de estado ditatorial.Nem me refiro aqui às formas arbitrárias, irracionais e autoritárias com que somos tratados pelos poderes executivos, mas a maneira como esses poderes, além de outros como o judiciário, nos tratam e tratam a coisa pública.Coisa pública, essa, por sinal, mantida por impostos e pelo trabalho humano da população que gera a riqueza, a qual mantem o aparelho de estado que sustenta, políticos, juízes, polícia, etc.Em vista da desfaçatez com que agem deputados ou senadores-basta vermos essa vergonhosa tentativa de salvar a vida de tantos deles com a anistia do caixa 2 de campanha- eu me sinto como se, impotente, ficasse à mercê de suas ganâncias e falta de senso cívico e legal.Ah, sim, vão dizer: foram todos eleitos democraticamente.Sim, sem consciência pela massa votante.Ou seja, concluo que vivemos numa espécie de ditadura em que elegemos aqueles que agem arbitrariamente sobre nós, não dão a mínima para a opinião pública.Uma ditadura consentida, isso é o que acaba sendo.Apenas querem manipular essa opinião pública, contando com o apoio explícito ou silencioso de grandes mídias que os aprovam.Os políticos são como gerentes designados pelos poderosos.Nunca atentam contra os interesses de seus verdadeiros patrões.Podem fazer uma ou outra concessão popular mas quando a coisa fede para o lado deles, ou é arrocho ou é porrada.E com isso não passamos de hienas passivas, desorganizados e sem representação política efetiva.A desmobilização popular produziu esse estado de coisas. A mobilização popular, ao contrário, atua ou pode atuar contra tiranias e contra todas as formas, disfarçadas ou não, de ditaduras.Todos colaboraram nisso, porque interessava.E afirmo:TODOS! No final das contas, o que sinto é que a tal da democracia não passa de uma ditadura sutil(nem tanto assim!) por meio do voto.Ou seja, o estado como opressor e não como regulador, que deveria ser seu papel.É isso ou uma ditadura escancarada e brutal.Que fio da navalha, hein?Nessa hora, minha alma profunda meio anarquista se rebela, mesmo com minha consciência me afirmando não acreditar no anarquismo como forma de organização política.Apenas poreja algo do fundo de meu ser, uma expressão espontânea num mundo de artificialidades imbecis: que MERDA!
domingo, 20 de novembro de 2016
Curtas reflexões 20/11/2016
Assim como
não se banha duas vezes na mesma água do rio, não se encontra duas vezes a
mesma pessoa no mesmo caminho, não se faz duas vezes a mesma coisa na mesma
situação.No fundo, desde os gregos pré-socráticos até os dias de hoje,
permeia-se nossa atitude entre ver tudo em movimento ou tudo se repetindo.Desde
nossa vida individual até os eventos históricos e coletivos em que estamos
envolvidos, sempre uma opção entre atuar dentro de um movimento em ação ou se
encontrar um barranco para, recostado, ver tudo passando e voltando a ser o
que, aparentemente, sempre foi.Por mais determinismos que nos impulsionem,
sempre há a possibilidade de fazer algo por nossa vontade e deliberação, mesmo
que isso implique em dar com os burros na água.Essa mesma água que nunca está
parada, mesmo numa poça, já que ela, simplesmente, com nada a se fazer, tem como destino...evaporar.
Sempre é mais fácil
capitalizar o ódio do que o amor.O ódio tende à destruição, à anulação do que é
vivo e expansivo, ao nada, à imobilidade ou inércia sem vida, à
inorganicidade.Sua vocação é desligar antes que ligar, para, enfim, evitar a
multiplicidade..O amor é naturalmente expansivo, orgânico e tende naturalmente
a ligar.O ódio desenvolve forças dinâmicas, físicas, químicas e energéticas que,
soltas e sem aproveitamento pelo amor, apenas resultam em vazio e silêncio,Administrar o ódio é a única forma de amar.Inocência nossa
acreditar que não há ódio dentro de nós, assim como há células ou
micro-organismos lutando pela desagregação de nosso próprio corpo.A nossa luta
não é para morrer- já que o fim é inevitável- mas para se continuar vivo.O que
ocorre nesse nosso estranho e silencioso mundo interior também ocorre no
exterior, na vida pessoal, social, entre povos, grupos, classes, famílias ou nações.O
amor é entrópico, o ódio é entálpico, para quem se interessa por física e
termodinâmica. Homens e formigas são bichos estranhos, parecem agir contra as
leis cósmicas que conhecemos.O grande mistério não é a irracionalidade mas sim
o seu contrário, a racionalidade, a única coisa que pode nos salvar.Se é que
podemos ou queremos nos salvar.Mas, no fim, tudo é mistério.
A gente sempre corre o
risco de se acomodar com a repressão externa(política, cultural, social e
outras) assim como fazemos com nossas mediocridades.Aí deixamos de buscar os
extremos, ficando apenas no médio.E no médio a mediocridade se refestela.Para
gaudio dos políticos, especialmente os reacionários.
Sobre a forma de ser
hiena
Cada um tem o direito de se refestelar com a carniça que lhe convém.Nem preciso me atualizar porque já estou velho demais e há muito, muito tempo que não suporto como nos conformamos com pouco por aqui, nesta porcaria de trágica ascendência histórica...Há hienas ilustradas, sofisticadas ou simplesmente toscas, para todos os gostos; inclusive vegetarianas, pós-modernas, metidas a descoladas, alternativas, mas no fundo tendo a mesma origem animal, fedendo um bocado(tanto faz se física ou moralmente)se adaptando à podridão nossa de cada dia..No fundo, o fedor é universal, apenas o perfume desodorante dos modos ou forma de mentir alivia o ar.Apenas surgiram do fundo das savanas tropicais brasílicas umas mais ferozes, mais sedentas de sangue, mais vorazes..A mesma irracionalidade animal de sempre.Enfim, os grandes predadores sempre dominarão savanas ou florestas.Pelo menos até que elas acabem.Aliás, consultando manuais de zoologia(assim como de história) percebemos que há diferenciações entre elas, hienas, por base genética.Mas as hienas originais, não as nossas, têm importância e função na natureza.As nossas são inúteis, o mundo e a natureza não se ressentiriam de sua ausência súbita.Não se deve caçar hienas.As africanas, bem dito..As brasileiras, apenas as desprezo.Sem diferenciar, não me preocupo em caçar o que desprezo.O tempo se encarrega de fazer com que tudo vire carcaça.
O semi-analfabeto político
Fala-se muito sobre o
analfabeto político.Mas o que dizer então do semi-analfabeto político?.Aquele
que, tentando se despir de emocionalismo de momento ou de influência de
propaganda ou ilusão, procura refletir sobre uma posição a tomar, mas vai só
até....a página 2.Não consegue ir mais a fundo, a complexidade o ameaça e à sua
auto suficiência, não logrando com isso descortinar o tecido de interesses que
manipulam os poderes aos quais, ele, por vezes bem intencionado, se submete
mesmo sem perceber. Com frequência adere ao discurso oficial autoritário e
autorizado com viés democrático e elucidador.Daí que, mesmo posando de
anti-sectário ou tolerante, aparentemente demonstrando mais consciência que o
pleno analfabeto, já estabeleceu dentro de si, dentro dos limites de sua
auto-reflexão, uma barreira que o impede de ver além das sombras que se
projetam na caverna.O analfabeto nem ao menos tem interesse ou coragem de
entrar na caverna.Ou as portas da mesma para ele estão cerradas.O semi toma as
sombras que lá dentro vê pela corporeidade que em verdade as produziu.No final,
pode não passar, como os demais ,de mais uma vítima de efeitos especiais. Como
alguém que fala a língua mas não consegue descrevê-la em símbolos gráficos. E,
como sempre, os limites entre ingenuidade e estultice são muito, muito tênues.
Quando não se tem nada, exceto a razão, tudo nos impele para algo além
da própria razão.
O homem racional sempre será uma irracionalidade domesticada.
Há gente que diz não acreditar no inconsciente.Normalmente, são as pessoas mais confusas na consciência.Por
acreditarem demais na própria consciência.
Entre um pássaro na mão e dois voando, prefiro não inventar nenhuma
forma de gaiola artificial
Então, numa conversa com uma amiga, aparentemente anti-convencional e
anti-burguesa, ela me vem com o papo de que o que mulher mais aprecia num homem
é seu poder ou prestígio.Aí fico na minha, já que poder, para mim, sempre se
relacionou mais com algo de mim para mim mesmo, necessidades de meu interior,
mais importantes do que a forma como meu interior se impõe ao exterior.E
prestígio?Sempre o considerei um acaso e uma prisão para quem o define como
estratégia de vida.Logo, é espantoso que
eu tenha atraído algumas mulheres. Pelo menos algumas que, definitivamente,
pelo menos em algum momento de suas vidas, não deviam pensar como essa minha
amiga.Se é que uma pessoa assim de fato pode ser minha amiga.Ou merece sê-lo.
O mundo é feito de ilusão?Talvez estejamos entrando no nível do onírico
tecnológico.Aí a ilusão vira uma realidade.Medida financeiramente.
Se pensarmos demais na sexualidade, talvez sejamos
instados a desistir de exercê-la.Malgrada nossa vontade.
O espelho tem sido meu melhor confidente.O problema é sua indiscrição :
todo dia a me lembrar o lento trabalho que a morte faz.Essa morte que está
sempre dentro da gente, apenas não a percebemos.Porque acreditamos no tempo.
Ah, o Brasil, o Brasil!Nasci na chaga de onde foram feitas as tripas de
meu coração.O Brasil, o Brasil!Terra sangrada e abençoada por deus.
Sim!Assim agem os
poderosos nessa terra.Querem massas burras e acéfalas, perfeitas para a manobra
ou anuência com seus interesses, em geral sempre mesquinhos e gananciosos.
Podem fazer uma ou outra concessão, quando a panela de pressão começa a chiar,
mas retiram-nas sem o menor pudor ou receio, desde que se mantenha a taxa de
retorno do investimento.E para tal é necessário o silêncio, a cumplicidade dos
que deformam a consciência pública, os mecanismos propagandísticos de alienação, a desorganização política da sociedade, a
criação do espírito justicialista e policialesco, precisam manipular o
ressentimento cego dos que não partilham de forma mais justa e racional da
riqueza criada no país para atentarem contra seus próprios interesses.De tal
forma que vemos que o principal liame entre as classes médias e as mais pobres
é a burrice cultivada pelos mais ricos. Para que as classes médias continuem a
levar sua vida de merda e as mais pobres aprendam a comê-la.Por isso quando se
fala em cortes de verbas, não é necessária nenhuma genialidade para perceber
que eles normalmente incidem sobre educação, saúde, cultura.A mentalidade de
que há uma grande "senzala" disponível dá segurança aos senhores do
poder e do capital.Por isso, é uma maravilha ser rico no Brasil.Pouco imposto e
pouca responsabilidade social.Um paraíso!.Mas para isso precisa-se de pouca
consciência, pouca educação ou pouca cultura.É tão óbvio que me custa a
acreditar nos que, com um mínimo de reflexão, não enxergam isso.No final das
contas pensam assim, os poderosos de ontem, hoje e de sempre: se para botar
ordem no pedaço não tem um pai, vai mesmo na porrada!
Ora, falar que o mundo
está uma porcaria, que vai ficar pior?Bem, aos meus olhos ele nunca foi grande
coisa.A vida sim, porque esta ultrapassa a dimensão da existência humana no
cosmo.E não é que eu acredite em supra-realidades ou coisas assim, já que sou
materialista, ateu e acho que a vida acaba de vez para sempre quando achamos
nossa morada definitiva abaixo dos sete palmos. Dá aflição e angústia, mas opto
viver com isso.Minha infância foi forjada em cima do espectro da guerra
fria e da terceira mundial, do fim do mundo. Acho que quem viveu lá pelos anos
cinquenta sofreu bem mais com isso.Vejam só: ainda não acabou. O grande Pascal,
filósofo que sempre apreciei e li, não concordaria comigo, diria que abro mão
da racionalidade que é posta por um sentido divino no universo.Que fazer, não
consigo acreditar, embora respeite a argumentação.Nesse tempo, o fim chegou
para muita gente ou coisa que eu desejava não ter fim.Mas o fim do mundo sempre
está delineado nos próximos minutos, nos próximos instantes que se sucedem a
essas palavras.Vãs, por sinal, como tudo o que é vão e sem sentido na
existência, como um estranho véu de absurdidades nos envolvendo.Ah, o fim do
mundo não virá tão cedo.O meu chegará antes.Logo, o que sobre é o momento, o
que se faz agora.Talvez o Pessoa tenha mesmo razão: viver não é necessário,
necessário é criar.Qualquer coisa, talvez, até mesmo uma coleção de selos.Ôpa,
quem é que coleciona selos, hoje em dia?
Humildade com a natureza
Mesmo que não
queiramos aceitar, não há escapatória: temos de ser humildes com relação à natureza.
Tanto exterior como interior; a do mundo, das florestas, montanhas, mares, a
interior, do coração humano.Sempre mais forte que nós, mais perdurável na
insustentabilidade do tempo que nós.Isso está claro em todas as filosofias,
religiões, ciências ou grandes artes.No fundo, todos nós não deixamos de ser
uns anjos caídos e criamos demônios, a partir de nossas vísceras, para nos
afastar dela, por não nos enxergamos como parte dessa natureza, inclusive da
nossa interior, tão bem guardada por cadeados ou trancas sociais.
O problema das utopias
Para mim, pessoalmente, há tempos que a preocupação não é o colapso do comunismo.Ou dos comunismos, já que o marxismo apostava em um determinado tipo de comunismo e o pessoal costuma colocar no mesmo balaio um monte de gente, ditas de esquerda, que nada têm a ver com comunismo. Mesmo sem o "perigo vermelho" o mundo continua muito caótico.A preocupação maior que me vem à mente é o colapso do sistema capitalista e de seus sistemas de representatividade política, levando a eventuais situações de barbárie e caos, com o fim de valores e conceitos democráticos, além dos mais libertários, conquistados a duras penas.Toda forma de utopia carrega em si elementos perigosos de autoritarismo pelo fato de que uma utopia é uma idealização, e idealizações podem levar à alienação da realidade e a manipulação desta por forças e lideranças messiânicas, reformadoras radicais e ditatoriais.Afinal, o nazismo também era utópico e anti-comunista.Por isso, nada impede retrocessos pois as forças destrutivas e de retrocesso sempre estão presentes em qualquer agrupamento ou situação humana coletiva, em qualquer organização econômica, mesmo que essa seja um simples acampamento na praia. A tolerância não costuma ser cultivada no cotidiano. Até mesmo entre intelectuais, coisa que é de se lamentar profundamente. Acho que até mesmo um Platão não era tão tolerante assim com seus pares; apenas acreditava que a iluminação pela razão dialética por si só nos levaria além das sombras da caverna, longe do mundo dos sentidos, esse mesmo mundo que dá a tônica dominante de nosso universo social e econômico modernos..Daí acreditar hoje tão importante relevar o pensamento de um Freud- pensamento pessimista, diga-se a bem da verdade- tanto quanto o de qualquer pensador defensor de socialismo ou capitalismo; por sinal atacado de todos os lados, pró-capitalistas ou pró-socialistas.Como também do pensamento dos individualistas ferozes ao estilo de um Nietzsche, mas sempre com ressalvas.Freud que, por sinal, nada tinha de utópico, apesar de suas inquestionáveis limitações de análise sociológica ou econômica; contudo, acreditando que apenas a razão nos salva..O Freud que foi o que foi por causa dos gregos, tanto quanto Marx também o foi.Pois , como dizia o Sartre velho e próximo da morte, fazemos grandes revoluções e guerras, matando um número inimaginável de pessoas, mas mudamos,no final das contas, pouco a cabeça das pessoas. Daí, talvez, tantos poetas desesperados em nossas histórias literárias.O mundo precisa mais de reflexão do que de doutrinação.E , por aqui, nós sem uma coisa ou outra, restando apenas a esculhambação.
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
Trump: o imponderável nunca é certeza
Sempre
repito a máxima de Russell que,
psicologicamente, políticos profissionais são inconfiáveis por caráter,
enquanto que, na prática, inconfiáveis pelo pragmatismo que os rege. Precaução
e canja de galinha nunca fazem mal quando se envolve em política. Ou quando se
fala dela.O estômago sente: os do que têm ou não têm o poder.Idealistas são
figuras raras, mais afeitas a grande momentos da história, mais adequadas a
outros campos da atividade humana, teoria, ciência, arte, etc. No final, os
práticos e pragmáticos triunfam.Nem que para isso tenham que mentir.Habilidade
bem desenvolvida por profissionais de várias áreas, principalmente a política.
Aquilo que chamamos de democracia , desde a
tradição grega até hoje, é sempre uma manipulação dos interesses a serviço de
minorias que se beneficiam dos atos derivados dela. Funcionava de forma mais
racional – justa, por assim dizer, tomando o termo justiça ao pé da letra-na
ágora grega, entre os pares, a elite masculina e nobre, sem mulher ou cachorro
presentes, já que aquela era tratadas por lá um pouco melhor do que o melhor
amigo do homem.Há formas autoritárias ou tolerantes de se comportar com tudo na
vida. Há regimes que são injustos mas não autoritários, assim como há regimes
mais justos que são autoritários.Contudo, por serem autoritários já seriam
injustos com os que desejam justiça e ponderação. Tem gente que não admite a
última forma e com isso, às vezes são chamados de individualistas.Viver é
sempre um estar em constante em conflito.
Os políticos apresentam-se como
“gerentes”.É uma contradição em termos alguém se apresentar como apolítico
pleiteando cargo político.O discurso e estilo de Trump não são novos. Pega bem
atualmente.Quando a fé desaparece, o fé descrente procura nova reza, novo credo
ou sacerdote. Assim se fazem até revoluções.Ou involuções. Anabolismo e
catabolismo fazem a vida.Nada impede que o conquistado a duras penas não se
perca. Tudo é passível de retrocesso.Captar a alma profunda do ressentimento de
pessoas, grupos, povos ou nações dá resultado. Hitler sabia bem disso.E toda
prática não pode prescindir de ética, de uma ética construída a partir dos
interesses comunitários.Isso define o que é socialmente melhor para a
comunidade.Individualismo é sempre perigoso quando se coaduna com a
administração do poder.Para outros campos de atividade humano ele é útil e
necessário. Mesmo que vire anarquismo.
O discurso de Trump não é tosco, é estudado.
Tinha alvo e o atingiu.O contexto e irracionalidade do sistema econômico e
social com isso colaborou.Elegância e beleza saem do padrão político atual. O
jeito mal educado, grosseiro, brutal não é incomum na maioria da política
institucional de várias partes do mundo. Tem repercussão boa na sociedade por
esta ser cheia de boçalidade, falta de educação, recalque, frustração ,
auto-alienação, que fazem o grande tecido psicológica de parte substancial de
populações , massas, do famoso Zé Ninguém a que se referia Reich.Ele, Trump,como figura, é tosca, a essência de seu
discurso é tosca.Mas ganha muita gente. O ressentimento é sempre a matriz do
ódio.E o ódio sempre precisa de um outro.Sempre pode ganhar, essa é a verdade.
Continuamos a subestimar certas coisas que podem crescer ou ganhar apoio. Em
seus primeiros tempos, Hitler era visto por gente da elite econômica germânica,
apenas como exótico, um palhaço. Depois foi adotado, bajulado por essa mesma
gente.Coisas desconexas ou absurdas têm muito melhor acolhida do que sonha a
nossa vã razão dentro da cabeça do homem comum, alienado, pouco consciente e
que se sente humilhado, ameaçado.Ou pouco beneficiado pela riqueza que ele vê
ao redor. Porque, inclusive, esse tipo é pouco afeito ao uso da razão.Acho até
que a maioria dos seres humanos não é. Racionalidade apenas para sobrevivência
imediata.Ora, fazendo o papel dele, homem comum que se sente desvalido e
injustiçado, pensando com os dois
neurônios desse homem, nada mais coerente para melhorar ou enriquecer do que
seguir um cara rico, não é mesmo? Toda burrice tem uma coerência intrínseca com
a realidade, social ou individual de caráter, que ela é.Daí a lógica de pobre
votar em rico, no exemplo bem sucedido e agraciado pelo destino. Por sinal,
norma do capitalismo.Na idade média havia o direito divino concedido por
deus.No mundo moderno se repete por outro:
o deus do capital.Ou do sucesso, contraponto dos anseios frustrados, da
ganância, da ambição e do egoísmo humano, esse a única verdade absoluta e incontestável,
segundo as palavras de Schopenhauer.
Ave, Trump, a grande América que já morreu
ética e moralmente(faz tempo!!!) te
saúda!
Isso dito na grande arena dos mercados, do
pão e circo com que se modelam as massas burras, manobráveis e sem consciência.E
que nunca farão nenhuma revolução; farão sim a involução, se deixarem.
Os deuses do capital têm mais sutilezas ou
artifícios do que sonha a nossa vã filosofia criada, palmo a palmo, pela ingenuidade nossa
de cada dia....
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Ilusões eu não as tive.Sonhos, ainda os tenho
A nova moda
oportunista de momento é figura pública, intelectual, política ou que fez boa
carreira dentro do sistema falar em “ilusões perdidas”. Tenho lá minhas
profundas desconfianças com esse discurso, muito encarnado por gente de meia
idade ou já adentrando o outono da vida, muito adequado para se criar imagem
para os mais jovens ou para justificar comportamentos pragmáticos que levou
essa mesma gente a levar a vida numa boa, em meio aos absurdos e injustiças
históricas que não foram superados. Ou seja, materialmente não se ferraram,
aparentemente apenas tiveram frustrações em suas almas ou corações.
Abundam em periódicos essas personalidades a justificar seu
aparente fracasso existencial.Fracasso?Ora, só perdeu ilusões quem as teve. E
muitas nem eram ilusões, eram apenas justificativas de posições.O problema
maior consiste nos sonhos que foram corrompidos.Ilusão é uma visão distorcida
da realidade, nosso mundo sensível adulterado pelo tecido das aparências.Já o
sonho é sempre uma potencialização de se transformar essa realidade.Logo, a
ilusão tem tempo definido de existência, o sonho pode ser mantido por quase
toda a vida.O famoso “eu tenho um sonho” , por exemplo,de M.L.King , tanto
tempo depois de seu assassinato ,ainda existe, resiste ao tempo e na
possibilidade de ação e modificação, reanimado sempre nos corações daqueles que
ainda mantêm viva essa declaração.Porque as bases que a engendraram ainda não
foram superadas.E os homens ainda teimam em não se tratar como iguais.
Agora, pessoas que na juventude tinham
expectativas e posturas as quais, ao longo do tempo, foram transformadas em formas
sutis(por vezes não tão sutis) de acumpliciamento com as normas de
funcionamento que eram combatidas, seriam mais honestas se dissessem que seus sonhos
ou ilusões estavam errados. Gente que falava mal do sistema e hoje diz que ele
não estava tão errado assim. Gente que dizia combater esse sistema mas, ao
longo do tempo e com o envelhecimento, cansou de empurrar a pedra ao topo da
montanha.Afinal, pelo visto, tarefa de Sísifo não é para qualquer um. E vai
tocando o sistema e sua vida dentro dele dentro do possível.Tolera-o de forma
contumaz ou covarde, faz tanta concessão que chega ao ponto de não ser mais que
uma engrenagem bem azeitada dentro do sistema. Muitos sendo uma engrenagem
pouco desgastada e de sucesso dentro desse mesmo sistema.
Ora bolas, ser contra o sistema é sempre
assumir uma posição de marginalidade dentro dele.Isso pode se reverter em
custos materiais ou espirituais. Mas como imaginar um marginal que viveu
lambendo botas de poderosos, safados ou oportunistas?Desconfio disso, juro!
Agora é fácil falar.Acusam-se os “pecadilhos”
de juventude, a falta de maturidade, excesso de coração(?!), etc.Maturidade muitas
vezes pode significar nada mais que contentar-se com pouco.O lema “sejamos
realistas, sonhemos o impossível” se transforma em “é impossível que não
sejamos realistas”.
Aí vejo jornalista, profissional de sucesso,
triunfador econômico, professor, colega(na maioria ex-colegas), companheiros de
ocasionais jornadas de luta por um mundo melhor, político ou carreirista que
mamou nas tetas sombrias das engrenagens de mel e sangue, puxa-sacos de
poderosos e astutos, vindo com o papo: “ah, minhas ilusões perdidas!”. Pergunto
a eles se ainda mantêm sonhos de juventude.Se é que os tiveram, se é que
acreditaram neles como uma fonte de vida na curta existência nossa, existência
que só adquire significado se legamos algo ao mundo, a nossos semelhantes.
Ao longo de minha vida, o que mais conheci
foram farsantes de seus próprios eus, gente que falava uma coisa que, em
verdade, não acreditava, usando apenas o discurso para se dar bem, se
relacionar bem ou, no futuro, conseguir boa colocação social e econômica.Ou
seja, farsas a serviço dos interesses egóicos comezinhos.Preferível então o
medíocre que nunca ansiou nada mais que sua própria mediocridade.
Por isso, ao que é mais jovem, quando alguém
vier com esse lero-lero de “minhas ilusões perdidas”, responda que não lhe
interessa cadáveres mas sim seres vivos.Pergunte: quais seus sonhos de
juventude que se mantêm vivos.Ilusão é quebrada ou sofrida no momento. Tanto
que podemos tê-la em qualquer fase de nossa vida.Não a vivemos a posteriori.Sua
dissolução apenas nos faz ver o equívoco desse momento, de enxergar esse momento.
Muito cara mais velho usa esse lero-lero
apenas para justificar a nulidade de momento que ele é, sua hipocrisia, sua eterna covardia de não ter sido radical em
algo, de não ter ido a fundo no coração da vida pela suspensão da
estabilidade.Uma derrota honesta pode ser mais honrosa que uma vitória suja.
Não falo em minhas ilusões perdidas.Ilusões
eu não as tive.Sonhos, eu tive muitos, muitos ainda vivos.Estarão ainda comigo,
mesmo morto.Aquilo que podia ter sido tudo e que não o foi é sempre um tudo que sempre
é.Nossa última mortalha do adeus.
domingo, 2 de outubro de 2016
BREVE REFLEXÃO SOBRE A TAL DE "PAULISTANIDADE"
SOBRE O LEMA DESSA CIDADE, APENAS POSSO DIZER QUE TAMBÉM NÃO SOU CONDUZIDO.MAS NÃO QUERO CONDUZIR PORCARIA ALGUMA
Sabem, a gente vive em microcosmos sociais, com aquelas pessoas ou grupos que achamos legais, com interesses ou gostos similares.Ou seja, vivemos particularidades em situações particulares, daí tomando o particular pelo mais amplo e universal.Um equivoco já que o particular encerra algumas características do universal, não é o geral ou o universal. O cara legal e aparentemente simpático que a gente vê no fim de semana num bar e numa festa pode , no fundo, ter pouca coisa a ver com você.Aquilo é uma situação de particularidade.A cidade e a população são muito maiores, complexas entidades e sistemas sociais confusos, amorfos, pouco definidos cultural ou ideologicamente e, pessoas mais abertas ou liberais não imaginam ou conseguem enxergar o universo nebuloso e sombrio escondido num caos metropolitano de ignorância e subserviência a existências médias absurdas e medíocres.Acontecem acidentes históricos de aberturas mais civilizatórias ou liberais.Mas são acidentes. No todo, a cidade é conservadora, a população resignada com a carência ou a estupidez.Além da evidente feiura, lógico.Quem se ilude nunca ousou desfazer o " véu de Maia" com que somos cobertos cotidianamente.A publicidade e o novo pelo novo acabam por triunfar.
No fundo, o triunfo da mesma velharia.Essa cidade é uma velharia disfarçada de modernidade.Provincianismo disfarçado de cosmopolitismo "primeiro mundista".Numa terra de onde ainda não nos livramos da psicologia da escravidão, da anuência com o espírito de casa grande e senzala.
Nossa arquitetura, por exemplo, em média denota muito disso, do caráter metropolitano presunçoso, sem coerência ou elegância..E ainda sobram as baboseiras dos bandeirantes, aquela fala do brasão municipal " não sou conduzido, conduzo", aquela parvoíce da paulistanidade, o abominável bairrismo subjacente..Já tive muito dessa anemia mental encrustada na cabeça, faz tempo, muito tempo; até quando , ainda jovem, comecei a ler e a refletir, a escapar do senso comum, desacreditar dessas mitologias paulistanas, a trair minhas origens de classe.Trair pode ser um exercício de libertação.Quem não odeia São Paulo no fundo não ama São Paulo.Mas, em algum momento, tudo tem um limite.
A tecnologia produz essa cosmetificação da realidade.Um candidato cosmetificado e amorfo, apadrinhado por um igualmente amorfo e medíocre governador, é perfeito para a turba deseducada, para a manada que trabalha, leva uma vida de merda e vota.E nem ao menos sabe que é turba.A não ser quando se digladia voltando para casa pelo metrô sempre entupido.
Ah, usando o jargão do brasão municipal , também não sou conduzido.Mas não intento conduzir ninguém.Porque essa cidade não conduz porra nenhuma, a não ser a si própria para um lodaçal urbano. Quando baixa um ar novo e leve, procura sempre o fedor.Por isso São Paulo merece o fedor do Tietê, outrora um poético e lamacento rio cantado pelo grande Mário.
Sim, o fedor apenas se consubstancia.Ampliado pelo idiota eleito de pulôver, depois , posteriormente, rejeitado pela inevitável decepção popular que surgirá..Depois, cidade parcialmente reconstruída, depois destruída.Não é uma fênix sempre renascida.Não passa de um urubu que se tinge de cores mais alegres.No fundo, vive mesmo em torno da carniça.
No fundo, o triunfo da mesma velharia.Essa cidade é uma velharia disfarçada de modernidade.Provincianismo disfarçado de cosmopolitismo "primeiro mundista".Numa terra de onde ainda não nos livramos da psicologia da escravidão, da anuência com o espírito de casa grande e senzala.
Nossa arquitetura, por exemplo, em média denota muito disso, do caráter metropolitano presunçoso, sem coerência ou elegância..E ainda sobram as baboseiras dos bandeirantes, aquela fala do brasão municipal " não sou conduzido, conduzo", aquela parvoíce da paulistanidade, o abominável bairrismo subjacente..Já tive muito dessa anemia mental encrustada na cabeça, faz tempo, muito tempo; até quando , ainda jovem, comecei a ler e a refletir, a escapar do senso comum, desacreditar dessas mitologias paulistanas, a trair minhas origens de classe.Trair pode ser um exercício de libertação.Quem não odeia São Paulo no fundo não ama São Paulo.Mas, em algum momento, tudo tem um limite.
A tecnologia produz essa cosmetificação da realidade.Um candidato cosmetificado e amorfo, apadrinhado por um igualmente amorfo e medíocre governador, é perfeito para a turba deseducada, para a manada que trabalha, leva uma vida de merda e vota.E nem ao menos sabe que é turba.A não ser quando se digladia voltando para casa pelo metrô sempre entupido.
Ah, usando o jargão do brasão municipal , também não sou conduzido.Mas não intento conduzir ninguém.Porque essa cidade não conduz porra nenhuma, a não ser a si própria para um lodaçal urbano. Quando baixa um ar novo e leve, procura sempre o fedor.Por isso São Paulo merece o fedor do Tietê, outrora um poético e lamacento rio cantado pelo grande Mário.
Sim, o fedor apenas se consubstancia.Ampliado pelo idiota eleito de pulôver, depois , posteriormente, rejeitado pela inevitável decepção popular que surgirá..Depois, cidade parcialmente reconstruída, depois destruída.Não é uma fênix sempre renascida.Não passa de um urubu que se tinge de cores mais alegres.No fundo, vive mesmo em torno da carniça.
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
terça-feira, 27 de setembro de 2016
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