Servo estranho de minhas aflições
vou cultivando o avesso em que me esculpi
esperando alvoradas que provavelmente não surgirão.
Tudo se desfaz
na fúria serena de todos os elementos
as vísceras acesas sob a gravidez da morte
no grande abatedouro de sonhos em que o mundo se transforma
e transporta
além desse cotidiano
nas margens espessas do desejo
a esperança fria do belo,
o tácito sonho do amor
o acalanto turvo de vozes dissonantes do infinito.
Acho que preciso fazer a barba
antes que todas as ervas tomem a iniciativa do mundo.
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