Você se queixa que a vida é um saco e que, em plena juventude, sente-se perdendo os seus melhores anos, que gostaria de ser jovem para sempre, usando mesmo a química que fosse acessível ou necessária.O medo da velhice parece mesmo ser um espectro sondando a vida das pessoas, em várias fases da vida.De repente, vupt: você já chegou nela e tem que olhar para trás, vendo pela frente um estreitamento da sobrevivência.Para o mais jovem, a morte parece algo abstrato, uma imponderabilidade.A dor da morte, nesse caso, pesa mais pela provável ausência de pessoas queridas, não tanto pela fatalidade que atingirá a todos, nessa democracia universal encerrada na condição de mortalidade.Se a vida é um sopro, como muitos já definiram, na juventude é o sopro do sopro, um suspiro inapreensível.Nossa consciência parece não aceitar nem a morte, nem o envelhecimento.Há mesmo um culto à juventude eterna, por enquanto uma impossibilidade.A ciência nos redimirá, mais ou menos como clamava o poeta Maiakovski, em um poema onde, falando da amada bela e jovem, vaticinava " eles, certamente, a ressuscitarão"?
Você não será jovem para
sempre.A não ser que sua vontade se desenrole tal como aquela dos que queimam
como cometas.Ansiedade e mal estar são naturais e necessários, pois evitam a
acomodação.E toda acomodação é morte, seja na juventude ou em idade mais
madura.Não esqueça que a maior parte da produção cultural e intelectual humanas
é produzida durante fases mais maduras da vida..Bem, há exceções, tais como
conjuntos de rock, artistas que queimam como cometas e outros tipos; assim como
há os que deixam seu legado quando mais velhos.Não sabemos ao certo que mensagem nessa vida deixaremos, ou como a deixaremos.A vida é feita entre interregnos de exceção.Mas exceção nunca é regra, é
sempre um desvio da curva.O importante, creio eu, é se preocupar em desenvolver
o seu interior, não dissociar muito o seu eu profundo do seu eu social.,um processo
constante que não tem limite de tempo, atingindo todas as fases da vida.O corpo
decai- hoje decai mais lentamente, graças às conquistas da ciência- mas a
consciência, a inteligência e a sensibilidade nunca envelhecem.Tudo que é feito
pelo amor e com amor deixa frutos permanentes.Tendem a crescer, a não ser que
algum processo degenerativo se manifeste.O que for profundo e significativo
para sua vida hoje, minha linda jovenzinha, o será até o fim de seus dias.Mas
nem todas as experiências amorosas- não restritas ao plano afetivo-sexual-
serão eternas, embora algumas, passadas algumas décadas, parecerão ter ocorrido
ontem, algo profundamente enriquecedor na vida de qualquer um.Um grande mistério, sem dúvida.
Seja jovem ou
mais velho, nossa vida deve se guiar pela sabedoria e pelo cultivar do amor,
porque o ódio está o tempo ao nosso redor- e dentro de nós!- tentando nos
abocanhar.Esse seu tédio e mal estar são provenientes da saúde juvenil, dos
hormônios, das forças da vida que não podem ser desperdiçadas, assim como sua
saúde- inclusive para preservar essa sua beleza natural que a espécie lhe
legou- a qual sempre é frágil.A vida é frágil, curta, furiosa e sem
sentido.Nossa luta é sempre contra o caos, tanto o interior nosso, subjetivo,
quanto o do mundo, essa objetividade que nos asfixia e que as modas e o consumo
nunca resolverão.Não há mal em ter revolta, principalmente se ela for voltada
contra os absurdos que os homens perpetram contra seus semelhantes.Se você
envelhecer sem isso, então será muito difícil encarar que a juventude ficou para
trás.Será um zumbi.A moda dos filmes de zumbi não seriam um medo da velhice?Eu
conheço muita gente que ,estivesse vivo ou morto, não passaria de uma
formalidade andando por aí.A vida é uma constância meio indigesta onde tentamos situar o
coração no meio de tudo.Mas guiado por ele e com o auxílio da razão, ela sempre
será mais leve.Ou , pelo menos, mais suportável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário