segunda-feira, 14 de outubro de 2013

sobre um documentário a respeito de Van Gogh e Gauguin.

Outro dia estava vendo um documentário na televisão, abordando a relação entre Van Gogh e Gauguin,  durante o período em que os dois conviveram no sul da França.Momento fundamental para o desenvolvimento do pós-impressionismo e da  pintura moderna.Confesso que não tive informações novas que não conhecesse. A vida dos dois, tanto quanto seus quadros, sempre meu causou interesse.Minha vista ficou inundada pela sucessão de quadros mostrados, um festim para os olhos para regalo da alma e exultação do coração.Ah, as imagens e as cores...  Será que minha vida ainda teria sentido se nunca mais pudesse ver imagens de quadros dos dois?Mas um assunto leva a outro, não necessariamente, mas de forma casual.E algumas outras questões me surgiram à mente, além dos dilemas estéticos e das vidas sofridas e expostas no documentário sobre esses dois gigantes do espírito humano.
      Este documentário  era bom em termos de imagens, com muitas  locações onde os caras viveram;o conteúdo um tanto padronizado de acordo com aquele gosto anglo-saxônico de valorizar o pitoresco para prender a atenção, com alguns clichês meio básicos sobre loucura ou normalidade.A convivência entre Van Gogh e Gauguin não foi fácil, duas personalidades muito diferentes, tanto em termos de temperamento como de conceitos de pintura.Se é que há duas personalidades parecidas nesse mundo...O que me causou estranheza, a certa altura, foi a citação de um trecho de carta de Gauguin, onde este dizia que ele e o holandês brigavam tantas vezes(principalmente em torno de questões estéticas de pintura) que pareciam duas mulheres histéricas.E então me pergunto se esse tal de comportamento histérico, classificado como feminino, não tem a ver com certa superexcitação sensorial e emotiva, quem sabe imprescindível para a criação artística de muitos, independente de gênero. A histeria tipicamente masculina logo descamba para violência física; quem sabe efeito hormonal.Pelo menos o que senti até hoje, no meu contato com artistas homens, tem pouco a ver com meu relacionamento convencional com a maior parte dos homens não artistas.Com a maioria, em geral é muito sem graça, repetitivo, quando muito engraçado ou espirituoso, quando os homens envolvidos têm inteligência ou espírito, coisas mais raras por sinal.Às vezes, sozinho e no isolamento confidencial de meus botões, me pego numas histerias e nervosismos estranhos, a ponto de dizer a mim mesmo: nossa estou até parecendo mulher, ah,ah,ah!Acho que o Freud tinha razão: essa separação entre masculino e feminino não é muito bem clara. Por sinal, poucos sabem que o pensador austríaco tinha dúvidas sobre esse assunto e caem na vulgata simplificadora.Mas a maior parte dos homens, com ou sem cultura sofisticada, ainda acreditam em padrões de normalidade, heterossexualidade como padrão natural e coisas afim.Não tenho certeza muito clara sobre o que é normal, nem como esse conceito se aplica a diversos assuntos.Por exemplo: na guerra deve ser normal você agir como um assassino carniceiro.O meio influencia o comportamento, óbvio.Mas até mesmo sobre a obviedade tenho sempre que lançar semente de dúvida.Esse é o problema: a maior parte dos homens é sempre óbvia.As mulheres são sempre dúbias.O feminino é sempre dúbio...no mínimo.
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