sexta-feira, 15 de junho de 2012

a diferença entre prazer e alegria 

Há um quadro famoso de Matisse chamado “Joie de vivre”, Alegria de viver.
Sou daqueles que distingue entre prazer e alegria.Acho que o amor mais duradouro é mais filho da alegria que do prazer, ainda que este abra as portas para aquela.Contudo, o prazer pode se esgotar facilmente, a alegria pode ser mais duradoura.Nossa vida deveria ser pautada mesmo de acordo com a mensagem do quadro: uma busca incessante de alegria de viver.O que, convenhamos não é tarefa nem um pouco simples.Se o amor nasce de uma necessidade de prazer, criado por uma interação biológica(vejo até mesmo a contemplação artística como tal), ele só perdura se ficar assentado no terreno da alegria.A volubilidade e o egoísmo sempre conspiram contra isso.Exige-se paciência para o cultivo de sentimentos profundos, aqueles que não se esgotam como chama de uma explosão.Daí que muitas convicções hedonistas podem revelar-se falaciosas, insuficientes para aquilo que chamamos de alegria.
     Raramente temos o prazer combinado com a alegria, considerando-se o prazer como sendo mais ligado a necessidades físicas ou do corpo.Porém,quando tal coisa ocorre, entramos no estágico do sublime, onde a morte e a vida parecem fazer parte da mesma dimensão.
  Quando encontramos alguém que amamos, podemos até sentir o prazer e sua necessidade, os interativos biológicos agindo; mas, muito mais importante, o que se sente mesmo nesse  caso é alegria.Mais fácil manter-se acesa a chama da alegria pelo estético do que – e não deixa de ser entristecedor para o que esperamos de nosso presente e de nosso futuro -pela convivência.Esta, combinada com as mazelas do cotidiano e das mesquinharias que aporcalham nossa existência, faz desabar qualquer coisa com muita facilidade, faz o prazer virar apenas um sonho impossível de prazer futuro, muito distante das planitudes onde habita a alegria, seja ela de amar ou simplesmente viver(se é que é possível ter  uma coisa sem a outra, algo pouco viável), nessa constância de incertezas que faz o tecido do passar humano por essa existência, num mundo que não passa de mero ponto no universo.

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