a diferença entre prazer e alegria
Há um quadro
famoso de Matisse chamado “Joie de vivre”, Alegria de viver.
Sou daqueles
que distingue entre prazer e alegria.Acho que o amor mais duradouro é mais
filho da alegria que do prazer, ainda que este abra as portas para
aquela.Contudo, o prazer pode se esgotar facilmente, a alegria pode ser mais
duradoura.Nossa vida deveria ser pautada mesmo de acordo com a mensagem do
quadro: uma busca incessante de alegria de viver.O que, convenhamos não é
tarefa nem um pouco simples.Se o amor nasce de uma necessidade de prazer,
criado por uma interação biológica(vejo até mesmo a contemplação artística como
tal), ele só perdura se ficar assentado no terreno da alegria.A volubilidade e
o egoísmo sempre conspiram contra isso.Exige-se paciência para o cultivo de
sentimentos profundos, aqueles que não se esgotam como chama de uma explosão.Daí
que muitas convicções hedonistas podem revelar-se falaciosas, insuficientes
para aquilo que chamamos de alegria.
Raramente temos o prazer combinado com a
alegria, considerando-se o prazer como sendo mais ligado a necessidades físicas
ou do corpo.Porém,quando tal coisa ocorre, entramos no estágico do sublime,
onde a morte e a vida parecem fazer parte da mesma dimensão.
Quando encontramos alguém que amamos, podemos
até sentir o prazer e sua necessidade, os interativos biológicos agindo; mas,
muito mais importante, o que se sente mesmo nesse caso é alegria.Mais fácil manter-se acesa a
chama da alegria pelo estético do que – e não deixa de ser entristecedor para o
que esperamos de nosso presente e de nosso futuro -pela convivência.Esta,
combinada com as mazelas do cotidiano e das mesquinharias que aporcalham nossa
existência, faz desabar qualquer coisa com muita facilidade, faz o prazer virar
apenas um sonho impossível de prazer futuro, muito distante das planitudes onde
habita a alegria, seja ela de amar ou simplesmente viver(se é que é possível
ter uma coisa sem a outra, algo pouco
viável), nessa constância de incertezas que faz o tecido do passar humano por
essa existência, num mundo que não passa de mero ponto no universo.
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