quarta-feira, 28 de setembro de 2016
terça-feira, 27 de setembro de 2016
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
pensamentos 26/9
Assim como
não se banha duas vezes na mesma água do rio, não se encontra duas vezes a
mesma pessoa no mesmo caminho, não se faz duas vezes a mesma coisa na mesma
situação.No fundo, desde os gregos pré-socráticos até os dias de hoje,
permeia-se nossa atitude entre ver tudo em movimento ou tudo se repetindo.Desde
nossa vida individual até os eventos históricos e coletivos em que estamos
envolvidos, sempre uma opção entre atuar dentro de um movimento em ação ou se
encontrar um barranco para, recostado, ver tudo passando e voltando a ser o
que, aparentemente, sempre foi.Por mais determinismos que nos impulsionem,
sempre há a possibilidade de fazer algo por nossa vontade e deliberação, mesmo
que isso implique em dar com os burros na água.Essa mesma água que nunca está
parada, mesmo numa poça, já que ela, simplesmente, com nada a se fazer, tem como destino...evaporar.
Sempre é mais fácil
capitalizar o ódio do que o amor.O ódio tende à destruição, à anulação do que é
vivo e expansivo, ao nada, à imobilidade ou inércia sem vida, à
inorganicidade.Sua vocação é desligar antes que ligar, para, enfim, evitar a
multiplicidade..O amor é naturalmente expansivo, orgânico e tende naturalmente a
ligar.O ódio desenvolve forças dinâmicas, físicas, químicas e energéticas que,
soltas e sem aproveitamento pelo amor, apenas resultam em vazio e silêncio,Administrar o ódio é a única forma de amar.Inocência nossa
acreditar que não há ódio dentro de nós, assim como há células ou
micro-organismos lutando pela desagregação de nosso próprio corpo.A nossa luta
não é para morrer- já que o fim é inevitável- mas para se continuar vivo.O que
ocorre nesse nosso estranho e silencioso mundo interior também ocorre no exterior,
na vida pessoal, social, entre povos, grupos, classes, famílias ou nações.O
amor é entrópico, o ódio é entálpico, para quem se interessa por física e
termodinâmica. Homens e formigas são bichos estranhos, parecem agir contra as
leis cósmicas que conhecemos.O grande mistério não é a irracionalidade mas sim
o seu contrário, a racionalidade, a única coisa que pode nos salvar.Se é que
podemos ou queremos nos salvar.Mas, no fim, tudo é mistério.
A gente sempre corre o
risco de se acomodar com a repressão externa(política, cultural, social e
outras) assim como fazemos com nossas mediocridades.Aí deixamos de buscar os
extremos, ficando apenas no médio.E no médio a mediocridade se refestela.Para
gaudio dos políticos, especialmente os reacionários.
Sobre a forma de ser
hiena
Cada um tem o direito de se refestelar com a carniça que lhe convém.Nem preciso me atualizar porque já estou velho demais e há muito, muito tempo que não suporto como nos conformamos com pouco por aqui, nesta porcaria de trágica ascendência histórica...Há hienas ilustradas, sofisticadas ou simplesmente toscas, para todos os gostos; inclusive vegetarianas, pós-modernas, metidas a descoladas, alternativas, mas no fundo tendo a mesma origem animal, fedendo um bocado(tanto faz se física ou moralmente)se adaptando à podridão nossa de cada dia..No fundo, o fedor é universal, apenas o perfume desodorante dos modos ou forma de mentir alivia o ar.Apenas surgiram do fundo das savanas tropicais brasílicas umas mais ferozes, mais sedentas de sangue, mais vorazes..A mesma irracionalidade animal de sempre.Enfim, os grandes predadores sempre dominarão savanas ou florestas.Pelo menos até que elas acabem.Aliás, consultando manuais de zoologia(assim como de história) percebemos que há diferenciações entre elas, hienas, por base genética.Mas as hienas originais, não as nossas, têm importância e função na natureza.As nossas são inúteis, o mundo e a natureza não se ressentiriam de sua ausência súbita.Não se deve caçar hienas.As africanas, bem dito..As brasileiras, apenas as desprezo.Sem diferenciar, não me preocupo em caçar o que desprezo.O tempo se encarrega de fazer com que tudo vire carcaça.
O semi-analfabeto político
Fala-se muito sobre o
analfabeto político.Mas o que dizer então do semi-analfabeto político?.Aquele
que, tentando se despir de emocionalismo de momento ou de influência de
propaganda ou ilusão, procura refletir sobre uma posição a tomar, mas vai só
até....a página 2.Não consegue ir mais a fundo, a complexidade o ameaça e à sua
auto suficiência, não logrando com isso descortinar o tecido de interesses que
manipulam os poderes aos quais, ele, por vezes bem intencionado, se submete
mesmo sem perceber. Com frequência adere ao discurso oficial autoritário e
autorizado com viés democrático e elucidador.Daí que, mesmo posando de
anti-sectário ou tolerante, aparentemente demonstrando mais consciência que o
pleno analfabeto, já estabeleceu dentro de si, dentro dos limites de sua
auto-reflexão, uma barreira que o impede de ver além das sombras que se
projetam na caverna.O analfabeto nem ao menos tem interesse ou coragem de
entrar na caverna.Ou as portas da mesma para ele estão cerradas.O semi toma as
sombras que lá dentro vê pela corporeidade que em verdade as produziu.No final,
pode não passar, como os demais ,de mais uma vítima de efeitos especiais. Como
alguém que fala a língua mas não consegue descrevê-la em símbolos gráficos. E,
como sempre, os limites entre ingenuidade e estultice são muito, muito tênues.
Quando não se tem nada, exceto a razão, tudo nos impele para algo além
da própria razão.
O homem racional sempre será uma irracionalidade domesticada.
Há gente que diz não acreditar no inconsciente.Normalmente, são as pessoas mais confusas na consciência.Por
acreditarem demais na própria consciência.
Entre um pássaro na mão e dois voando, prefiro não inventar nenhuma
forma de gaiola artificial
Então, numa conversa com uma amiga, aparentemente anti-convencional e
anti-burguesa, ela me vem com o papo de que o que mulher mais aprecia num homem
é seu poder ou prestígio.Aí fico na minha, já que poder, para mim, sempre se
relacionou mais com algo de mim para mim mesmo, necessidades de meu interior,
mais importantes do que a forma como meu interior se impõe ao exterior.E
prestígio?Sempre o considerei um acaso e uma prisão para quem o define como
estratégia de vida.Logo, é espantoso que
eu tenha atraído algumas mulheres. Pelo menos algumas que, definitivamente,
pelo menos em algum momento de suas vidas, não deviam pensar como essa minha
amiga.Se é que uma pessoa assim de fato pode ser minha amiga.Ou merece sê-lo.
O mundo é feito de ilusão?Talvez estejamos entrando no nível do onírico
tecnológico.Aí a ilusão vira uma realidade.Medida financeiramente.
Se pensarmos demais na sexualidade, talvez sejamos
instados a desistir de exercê-la.Malgrada nossa vontade.
O espelho tem sido meu melhor confidente.O problema é sua indiscrição :
todo dia a me lembrar o lento trabalho que a morte faz.Essa morte que está
sempre dentro da gente, apenas não a percebemos.Porque acreditamos no tempo.
domingo, 25 de setembro de 2016
Alguns poemas 26/9
Posso olhar as árvores, mas nunca as terei.
Tenho-as em meus olhos, sempre as sonhei.
Falo delas como de belas mulheres floreando no
mundo
Louvá-las
todas me resta, no mistério delas me infundo.
Vejo suas copas floridas, os galhos arqueados
em flor
Mas são árvores, comigo não falam nunca - ah,
que dor!
Falassem comigo e não seriam árvores, outra
coisa sim
basta-me o olhá-las, a mim um segredo de
marfim.
E as belas mulheres que olho e venero, não
insisto
basta-me vê-las , observá-las, fingir que
existo.
Porque nesta vida nada se tem, seja árvore,
seja mulher
senão sua beleza ,seja da forma ou jeito que vier.
Esses
cabelos flutuam ao vento
além do vago
sonho pensamento
suaves tais
adornos de lamento
emolduram
mistério a esse rosto
nesse
olhar de menina ou mulher
inquestionável
, posto que é posto
além desse
vento que varre o desgosto
Ah! beleza pura que é uma verdade!
Oh, meu
coração, tenha lá piedade!
Única
verdade que a si se encerra
Única coisa
a valer nessa pobre terra
Choremos hoje nossos mortos
Eles se despedem silentes
como se viajassem sem prometer mensagens
a nós, aqui
nessa estranha dimensão de não morte
ensaiando o encontro indefinido
sempre pressentido, nunca esperado
da eterna desesperada, nada superado
do reencontro indeferido, deveras saturado
de ver no coração a lembrança deles
desses nossos mortos, mortos do
mundo, daqui
d'além, afora as coisas fúteis e sem sentido
dessa vida vida louca, perdida no sublime e abjeto
enquanto eu...ai, que me sinto arrependido
nem sei do que, talvez daquele último e falho projeto.
Nossos mortos que não morrem, apenas dormitam
nesse peito nosso adornado de plumas desejosas
a reviverem a cada dia nosso o espaço deles onde transitam
nessa nossa miséria e glória de existir, meio sem saber.
Enquanto vagam,sombras de nosso passado
em que estranho canto se escondem,
os sapecas?
Esses nossos mortos que não morrem nunca...
Apenas Contemplar-te
Deixa-me contemplar-te na beleza que és
Deixa-me contemplar-te no que imagino que és.
Deixa-me perder nas formas que és
Deixa-me perder-me nelas como quem mergulha no
oceano e não volta para esse mundo de castelos frustrados.
Como quem se esquece sob os ruídos estranhos,
castrados,
que surgem das florestas, da noite misteriosa,
seja ela a noite física ou a noite da alma.
Para,
na esperança tola de uma calma,
sorver-te na luz obscura do sonho pensado,
jamais imaginado, cingido entre a multidão de
sombras e sobras,
por seres em ti o reflexo das auroras que não
terei
e imaginarei,
eu, pobre devoto da geometria misteriosa de tuas
carnes,
imerso nos aromas oceânicos de teu sexo,
o qual, como tudo em ti. não tocarei, apenas
contemplarei,
resignado e prostrado, vassalo de ti a
contemplar-te
sem possuir-te, nessa vida em que nada se possui além da
certeza da morte.
Apenas olhando, como quem se lança ao silêncio
de uma paisagem.
Para no final, a ti romper em soluço meu
peito,
tu, metade estranha e igual ao que sou,
apenas, quem sabe, uma forma distinta de outra
face da moeda,
tu, estranha forma de eletricidade de polos
opostos ao meu,
distinguir-te como algo que já tive, não
terei,
sombra florescente onde sempre morrer sonhei.
Deixa-me contemplar-te, apenas, sem tocar-te,
no mundo em que solidões e silêncios
confraternizam,
para, de alguma forma e só simplesmente
amar-te.
sábado, 10 de setembro de 2016
A LUTA SEMPRE CONTINUA
NO FUNDO, A LUTA NUNCA DEIXOU DE CONTINUAR
A resistência sempre acaba sendo uma obrigação moral
Na França invadida e dominada pelos nazistas na segunda guerra, contando com um governo colaboracionista(Vichy), com a impossibilidade de se combater esse poder com a força, restou a toda inteligência consciente, fosse intelectual ou não,fosse nacional, patriótica ou simplesmente humanística, que não compactuava nem aceitava aquele estado de coisas, assumir uma posição frente aos fatos.Colocava-se a questão: compactuar ou não?Há momentos em que nossa dignidade impõe a intransigência.Era o caso: impossível aceitar ou compactuar com os nazis.Daí surgiu o espírito da resistência, em todas as frentes.Inicialmente, apenas no plano ideológico, procurando fazer com que um número menor de cabeças aderisse ao status quo de poder e organização invasora das forças de Hitler.Os alemães procuravam "ganhar" a cabeça das pessoas, fosse com a imprensa oficial e propaganda, fosse com a intimidação, com aparentes benesses de invasor "tolerante", fosse usando a gestapo ou a polícia francesa colaboracionista.Fisicamente, a expulsão dos alemães só poderia se dar em outro contexto de forças, com uma futura invasão aliada, com o desmoronamento do Reich.
Assim são as coisas na vida e na história.Por vezes, o primeiro passo é a intransigência, contra ditaduras, arbítrios e ilegalidades, contra os variados golpes de força que procuram retirar a capacidade de discernir nas pessoas.O mundo moderno conta com recursos admiráveis de lavagem cerebral e idiotia, ética ou política..
O velho mote , ainda dos tempos em que a ditadura estava ruindo por aqui no início dos anos oitenta, nunca deixou de ter validade: a luta sempre continua.Sempre continuou, nunca deixou de continuar.Só ingênuos acreditariam que fadas do destino colocariam o país por inércia no caminho democrático moderno,seja pelo messianismo ou pela fortuna, com tanta cultura e etos atrasado, num país em que a escrivadão acabou, grosso modo, ontem. Dentro e fora da cabeça das pessoas é uma luta constante por modernidade e senso democrático, informação real ou cultura.O país ainda é um mar de preconceitos banhado por um vasto céu de incultura..A peste sempre está dentro e fora do organismo que ela destrói.
Assim são as coisas na vida e na história.Por vezes, o primeiro passo é a intransigência, contra ditaduras, arbítrios e ilegalidades, contra os variados golpes de força que procuram retirar a capacidade de discernir nas pessoas.O mundo moderno conta com recursos admiráveis de lavagem cerebral e idiotia, ética ou política..
O velho mote , ainda dos tempos em que a ditadura estava ruindo por aqui no início dos anos oitenta, nunca deixou de ter validade: a luta sempre continua.Sempre continuou, nunca deixou de continuar.Só ingênuos acreditariam que fadas do destino colocariam o país por inércia no caminho democrático moderno,seja pelo messianismo ou pela fortuna, com tanta cultura e etos atrasado, num país em que a escrivadão acabou, grosso modo, ontem. Dentro e fora da cabeça das pessoas é uma luta constante por modernidade e senso democrático, informação real ou cultura.O país ainda é um mar de preconceitos banhado por um vasto céu de incultura..A peste sempre está dentro e fora do organismo que ela destrói.
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