segunda-feira, 7 de março de 2016

O Zé Ninguém que nunca morre

Aí tenho que aguentar aquele cidadão que fica falando sempre que o país é uma m...., que ninguém ou nada presta, que todo político é bandido- mas, aparentemente, alguns são mais bandidos que outros- que nada vai mudar, vai ser sempre assim, que o legal é o primeiro mundo-fruto, quem sabe, de recentes viagens a crediário ao estrangeiro , sem um contato cultural mais profundo com o mesmo- que brasileiro é sujo e porco, que tudo aqui é sujo e desorganizado, o povo é uma porcaria.Ou seja, o cidadão vive, segunda suas palavras no inferno.Mas quando a gente vai ver, o cara nunca move um grão para mudar pequenas coisas no seu cotidiano, paga pequenas "propinas" e subornos, não lembra em quem votou nas últimas eleições,salvo nos cargos graúdos; adora falar que não discute política-prefere ter os juízos de valores prontos para atacar o que não gosta- mas aceita falar de futebol(claro!),aceita que seu filho estude numa escola paga sem questionar ou aferir a qualidade do produto"ensino" pelo qual paga, deixa seus filhos largados no mundo- afinal, o importante é manter o caixa funcionando para cobrir as despesas- sem controle algum(há muito não sabe o que é conversar com eles), pouco faz contra desmandos de um governo estadual incompetente, nem ao menos abrindo a boca a não ser para reclamar de ciclofaixa("esses ciclistas são um saco, atrapalham o trânsito"), velocidade controlada;não sabe nem que seu bairro tem subprefeitura,não se mobiliza contra cortes no ensino ou educação pública e ainda se queixa de estudantes que se mobilizam por isso porque produzem barulho ou congestionam o trânsito; prefere se queixar dos preços de seu espoliador plano de saúde e se esquece de reclamar por mais verbas para a saúde pública( afinal, quase não usa mesmo); não está nem aí com descontroles e arbitrariedades policiais(" gente decente nunca tem problemas com a polícia", diz),;aceita numa boa programas televisivos boçais e elegíacos de violência, pouco se importa com questões de direito e justiça desde que elas não atrapalhem sua vida.No fundo, adora uma "truculência", desde que não o atinja.Adora fazer pouco dos pobres e ignorantes mas acaba sendo sempre como eles na hora de eleger demônios ou santos, sendo pouco afeito a discussões mais profundas, preferindo o xingamento.Pouco se preocupa com a própria cultura, lê muito pouco além do essencial, acreditando em coisas sem ser muito crítico.No fundo, um ser pouco reflexivo, coisa muito conveniente ao sistema; cheio de frustrações e neuroses não resolvidas, a não ser pelas esporádicas explosões de ódio contra tudo o que é um pouco diferente do que ele é.Claro, de vez em quando enchendo a cara para anestesiar-se da mediocridade de sua exterioridade, assim como de sua interioridade.E, no fundo, considera-se uma "elite" do país.Desde que cada um mantenha seu devido lugar.
Qualquer semelhança desse tipo com o Zé Ninguém do livro de Reich, não passa de mera coincidência.....

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