sábado, 10 de janeiro de 2015

Por uma nova religiosidade

Já que, provavelmente, todos nós temos alguma necessidade de transcendência, quem sabe um impulso inconsciente para a propagação da vida proveniente de energias psíquicas de ordem sexual, torna-se difícil, em processo civilizatório, escapar de credos ou mitologias inexplicáveis.Efetivamente, não é difícil de se verificar de que não é para qualquer um viver sem crença religiosa, uma espécie de neurose obsessiva universal segundo a conceituação de Freud.Dado este fato, melhor seria que cada um tivesse sua própria religião, seu próprio deus( ou quem sabe, cada um sendo um deus para si próprio?),  sua própria ritualística particular,sem se importar em expandir  ou impor essa crença individual além das fronteiras de  próprio ego.Cada um na sua, num panteístico ecumenismo universal.Uma religiosidade guardada em segredo, ganhando ação apenas por meio de atitudes construtivas sociais, para a manutenção de sua própria crença e das  outras crenças, as quais, no caso, contariam a cifra de bilhões.Mas esse tipo de religiosidade só poderia se estribar  na razão e no senso de limite individual, na satisfação do auto controle e suficiência, plena de consciência das sombras destrutivas que habitam as trevas da alma humana.Em suma: um tipo de religião individual que seria a antítese da religião, convencionalmente falando, que temos em média.Uma religião anti-grupal, com o sentido de manter a própria união e convivência do grupo, já que haveria, no caso, bilhões de religião no mundo, cada habitante do planeta com a sua.Claro, sempre haveria alguém interessado em manipular isto, em arregimentar tudo para retirar algum proveito para interesses egoísticos.A chave do misterioso sucesso do capitalismo?
    O problema é que o que somos apenas não passa da  ponta de um iceberg, a maior parte dele mergulhada além dos limites da linha de superfície da sociabilidade.Uma religiosidade sem credo ou dogma funcionaria dentro dessa natureza?A restituição de um sagrado, a criação de um sagrado que nos livrasse do peso do ódio destrutivo, já que a morte é certa e a vida sempre árdua;talvez isso fosse um caminho.Falo isto com a certeza de defender algo idealista.Realisticamente falando, já que, pelo visto, há uma característica de religiosidade inalienável à natureza humana, vista como algo individual ou coletivo social.Toda religiosidade que deságua em amor deve ser preservada, creio eu; ao contrário de todo ideário, religioso ou político, que pregue o ódio ou intolerância.

     Mas que fazer: estamos muito longe disso.E talvez nunca cheguemos a isto.Enigma sem solução?Preferia ser devorado pela esfinge.

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