Já que, provavelmente, todos nós temos alguma
necessidade de transcendência, quem sabe um impulso inconsciente para a
propagação da vida proveniente de energias psíquicas de ordem sexual, torna-se
difícil, em processo civilizatório, escapar de credos ou mitologias
inexplicáveis.Efetivamente, não é difícil de se verificar de que não é para
qualquer um viver sem crença religiosa, uma espécie de neurose obsessiva
universal segundo a conceituação de Freud.Dado este fato, melhor seria que cada
um tivesse sua própria religião, seu próprio deus( ou quem sabe, cada um sendo
um deus para si próprio?), sua própria
ritualística particular,sem se importar em expandir ou impor essa crença individual além das
fronteiras de próprio ego.Cada um na
sua, num panteístico ecumenismo universal.Uma religiosidade guardada em
segredo, ganhando ação apenas por meio de atitudes construtivas sociais, para a
manutenção de sua própria crença e das
outras crenças, as quais, no caso, contariam a cifra de bilhões.Mas esse
tipo de religiosidade só poderia se estribar
na razão e no senso de limite individual, na satisfação do auto controle
e suficiência, plena de consciência das sombras destrutivas que habitam as
trevas da alma humana.Em suma: um tipo de religião individual que seria a antítese
da religião, convencionalmente falando, que temos em média.Uma religião
anti-grupal, com o sentido de manter a própria união e convivência do grupo, já
que haveria, no caso, bilhões de religião no mundo, cada habitante do planeta
com a sua.Claro, sempre haveria alguém interessado em manipular isto, em
arregimentar tudo para retirar algum proveito para interesses egoísticos.A
chave do misterioso sucesso do capitalismo?
O
problema é que o que somos apenas não passa da
ponta de um iceberg, a maior parte dele mergulhada além dos limites da
linha de superfície da sociabilidade.Uma religiosidade sem credo ou dogma
funcionaria dentro dessa natureza?A restituição de um sagrado, a criação de um
sagrado que nos livrasse do peso do ódio destrutivo, já que a morte é certa e a
vida sempre árdua;talvez isso fosse um caminho.Falo isto com a certeza de
defender algo idealista.Realisticamente falando, já que, pelo visto, há uma
característica de religiosidade inalienável à natureza humana, vista como algo
individual ou coletivo social.Toda religiosidade que deságua em amor deve ser
preservada, creio eu; ao contrário de todo ideário, religioso ou político, que
pregue o ódio ou intolerância.
Mas
que fazer: estamos muito longe disso.E talvez nunca cheguemos a isto.Enigma sem
solução?Preferia ser devorado pela esfinge.
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