quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Os horrores da intolerância

Os fascistas e a direita francesa agradecem.Era tudo o que precisavam para suas plataformas xenófobas e islamófobas. Fundamentalistas são assim: guiam-se pela intolerância ou pelas regiões mais baixas do organismo.Esses neuróticos fanáticos que fizeram o atentado agem dessa forma, não concebem que num mundo moderno, interconectado, tenhamos que conviver com pessoas que pensam diferentes de nós, em que as questões de fundo moral ou religioso, os conflitos desse tipo, sejam equacionados de uma forma que não envolvam destruição ou violência.Se a toda ação preconceituosa houver uma reação violenta, então entramos no reino da barbárie, sem lei, sem possibilidade alguma de acordo.Imagine-se, a partir de ofensa em face-book, você procurar o ofensor e entrar em vias de fato.
    O que esses terroristas(sim, isto é uma ação de terrorismo!) fizeram é tão hediondo quanto os imorais ataques militares israelenses contra a faixa de Gaza. Qualitativamente.Pelo fato de que, tanto eles quanto Israel, poderiam agir de forma racional a ataques externos, sem um extremismo que oculta a verdade: o expansionismo israelense-no caso da guerra(santa?) contra o Hamas- e a vitória sagrada a todo custo de uma causa islâmica religiosa, encorpada nos aspectos mais nocivos e neuróticos da religião.É o primado do irracional, da neurose, da intolerância, do ódio puro, do ódio sempre burro."O amor é sábio, o ódio é sempre tolo", dizia o sempre racional e humanista Russell.
   Voltássemos no tempo e, quem sabe, Freud teria sido assassinado por religiosos, de várias religiões, por ter escrito O futuro de uma ilusão?Ou teria sido assassinado por radicais sionistas por ter escrito Moisés e o Monoteísmo?Quem sabe...O próprio Freud encararia seu assassinato por causa disso como algo até natural, tendo em vista que a destrutividade humana, o ódio e a intolerância ao outro, ao que é diferente de nós, tudo isso parece mesmo ser inerente à espécie humana.Depois de duas guerras mundiais, e tantas outras igualmente irracionais, nada que nos surpreenda.Nossa civilização é construída sobre um charco de sangue coagulado, sempre realimentado por mais sangue.Quando tudo estiver mais calmo, sempre surgirá algum fanático a produzir novas feridas e sangrias.

  Muita gente, muita mesmo, morreu em nome de Deus e do Diabo.Uma guerra civil na Espanha foi travada em nome disso.Mas seria mesmo?Acho que nem Deus nem o Diabo botaram a colher no assunto.Era uma guerra em nome de uma coisa só: do ser humano, em sua bestialidade descontrolada, vítima de instintos que o colocaram na ponta da evolução, correndo sempre o risco da própria auto-destruição.
   Muita gente morreu- e morrerá, certamente- em nome de Alá, de Deus ou de qualquer outra coisa que, simbolicamente, dê um sentido ao sem sentido da vida.
    Esses fundamentalistas apenas aumentarão a islamofobia, o preconceito que se transformará em ódio explícito( a partir do ódio embutido), despertando a sombra negra(termo cunhado de Jung) que habita o coração entrevado de nacionalismos e idiotias;em sua guerra santa produzindo uma outra guerra, apoiada pela racionalismo(?) ocidental, a se gerar mais ódio, mais intolerância, mais xenofobia.Já vimos esta história antes.Até parece que a história, como o ódio e a intolerância, são sempre cíclicos.
   Nesta hora, como em todas as situações, apoiados nos fatos, apenas a razão pode nos ajudar nesta situação de  irrazão absurda.

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