domingo, 4 de novembro de 2012

coisas várias de outubro


A dialética perdida
entre o feijão e o sonho
ah, isso não sei onde ponho.

A consistência da verdade
 dessa mentira que todo mundo é
cair nisso, é coisa simples de mané?

Se penso sempre no real
e fujo, apresso o passo no ideal
seria isso a solução bestial?

Mas cair na rima boba e fácil
não só do poema mas da vida.Basta!
Que essa nunca larga de ser madrasta




2
Ser servo da beleza em todo assédio
nada custa à inteligência marca passo.
Mas se mesmo essa beleza causa tédio...
Torpe e cruel destino, esse erro crasso!

Em contraponto ao conhecido poema: que me perdoem as belas  a que não me furto o assédio, mas a falta de loucura...Nossa, que terrível tédio!

Contraponto sobre a Rua Aurora

Na Rua Aurora eu nasci
Na aurora da minha vida
E numa aurora cresci
                M. de Andrade

Na Rua Aurora não nasci
Mas uma aurora em minha vida
Nessa Aurora descobri

Mas nessa aurora em que nasci
Ah, aurora!  logo a vi partida
Na Aurora em que me perdi.
               Sergio M  arques



O olhar de Andrea


 O olhar da moça balança no espaço
Vai ao alto, longe de seus cristais luminosos
a se afogar em estrelas e sonhos.
Para onde vai esse seu olhar, moça?
Retornou de algum passado remoto
Transitório entre a nuvem que passa e o vento que passa
jornada dupla, duplo olhar
para no vértice de luar escondido em sua fronte
da beleza recolhida
        a pureza
      ir além da vontade?
E para onde vai o olhar de toda mulher,
estampado em arco-íris de desejo
pela luz irradiada de seu coração?
Ah, a impotência da razão humana,
esse bruto sentido dos limites masculinos!
Onde recolher do olhar da moça,
Clepsidra rara escandida pelo capricho dos deuses,
todas essas cifras de mistério de seu universo
de moça olhando para o alto?
Que fazer da beleza desse olhar,
mar distante inalcançável num albergue de infinito
eternamente afogado em estrelas!


Como homem sonhou-se guerreiro,armas simples, sem corte
No embate com a dura pele de seu semelhante: pouca sorte.
Falhou o pacto entre o caos do mundo e o desejo fundo
Tanto sonho, bruteza e ternura: perdeu-se pelo mundo.



Reflexão:
Quando nos apaixonamos, parece que um outro eu que somos nós nos rouba de nós mesmos, para nos devolver apenas quando já deixamos de ser aquilo que chamávamos de nós.E nós mesmos deixamos de ser aquilo que pensávamos ser nós.

O fascínio da estranheza
Cristina,
estranha,
assanha tudo que no pensamento
é sopro de dúvida. Há firmamento?
E tudo quanto se perde no rumo do vento
Lamento, lamento...
Languidez a simpatizar com leveza de estrelas,
que no alto levam a simpatia que lhe devoto
Ah, lamento, lamento...
Você e sua leveza, tão delicada e frágil,
daquelas que faz doer o coração,
frágil, frágil...
Cristina, cris de cristal
descristalizada em seu ícone de olhar triste
roubado quem sabe de um pássaro que não mais canta

Me encanta, encanta...
e silencia, fulgura
 em sua original
figura
Flutua, flutua...







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