sábado, 20 de agosto de 2011

Alguns pensamentos soltos

    PENSAMENTOS SOLTOS
      De fato é mais fácil abrir mão de um sonho que soçobrar na tentativa de realizá-lo.Preferível então os sonhos impossíveis, cuja não realização não produz tanta frustração.Mas mais fácil então seria nos ligarmos a situações ou pessoas que nos impedem a realização dos sonhos, de forma a aliviar o peso da culpa.É preciso coragem para saber fracassar.O mundo é montado para as imagens dos vitoriosos e não dos derrotados.

Tragédia grega seria mesmo o caso de se conquistar e levar Vênus para a cama e, no dia seguinte, acordar com o Hipogrifo ao lado.O que demonstraria que não só a vida imita a arte como o mesmo ocorre com a mitologia.

Às vezes  precisamos de fingir um prazer para justificar uma obrigação  que, no fundo, existe para negar esse mesmo prazer.Para isso não é difícil a construção de um discurso que justifique uma ação que existe para praticar o que a nossa própria vontade não quer.


arte e forma...
Todas as formas de conhecimento acabam por ser conhecimento da forma.Toda forma é expressão de conhecimento, e todo conhecimento é forma de enredar a vida na existência do ser.Aquilo que se chama sublimidade da arte nada mais é que o sublime do sentimento em trânsito.Toda verdade artística é mais que verdade e menos que realidade,já que a verdade sempre oscila entre o silêncio da impotência e o ruído da esperança.Toda verdade de beleza é sempre uma esperança de reintegração com algo que se perdeu para sempre.A nostalgia sempre será uma verdade na arte.O artista é um feiticeiro sempre carente de novos poderes e de fé constantemente relutante.Toda arte é mais do que é e menos do que pode ser.A arte é a vida em transe.


      Como atualmente ninguém tem vocação para Joana D’Arc, pouca gente se consumiria em fogo pela realização de desejos como aquela o fez pela fé.Contudo, certas situações de loucura podem mesmo produzir estragos dignos de gato colocado em forno de micro-ondas.Nessas horas os limites entre normalidade e criminalidade podem ser muito tênues.

     Por não ter mais função sócio-econômica(exceto para lavagem de dinheiro nas grandes esferas), a pintura convencional condena quem a pratica ao risco do ostracismo, do anonimato semi-esquizofrênico do infeliz cheio de obras em casa que pouco ou quase nada rende, exceto a afirmação da individualidade do praticante.Gosto de pensar nisso e dar risada de mim mesmo.Afinal, pensando bem, é a sociedade que existe para o homem e não o contrário.Bem, pelo menos deveria...
    Como tudo , hoje em dia, é baseado na imagem, é um problema o excesso de imagem forçada por parte do artista que tem ojerija de flertar com a obscuridade ou anonimato.Daí, com licença do exagero descritivo, a grande quantidade de palhaçadas e excentricidades para valorizar aquilo que, por si só, não passa de uma tremenda palhaçada.E a carapuça está por aí, a ser livremente usada por quem quiser.
     A excessiva preocupação com a ordem é a morfina injetada pela ordem social na ordenação mental dos que rejeitam o excesso de ordem que ordena a infelicidade.Mas o excesso de ordem pode ser apenas uma variação de uma loucura bem ordenada.E de desordem em desordem vamos ordenando a vida.

    O estado de  desejo é como  o viver numa outra dimensão de tempo.O tempo(não cronológico) só pára mesmo quando o desejo se instala.Aí  não há outra opção: o abismo ou o céu.Talvez por isso nos droguemos, para evitar que os desejos sucumbam ao peso do cotidiano(quero saber que demônio inventou o cartão de crédito).Mas há desejos e desejos, como há amores e amores; quem sabe a dose de verdade que há em cada desejo ou amor?Mas quem sabe realmente o que é verdade?Ou mesmo  amor,  morte e esse monte de incerteza no céu?
Uma das características da modernidade foi a constante quebra de convenções, até chegarmos a um ponto em que se torna, em vista de tantas quebras, anti-convencional assumir certas convenções.Isto é meio paradoxal, como em geral são paradoxos as grandes consequências das convenções.Mas a vida social acaba sendo sempre um tecido de convenções e conveniências.Ou seja: paradoxal em essência.

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