Fico pensando se o pessimismo
não tem alguma origem genética.Filosoficamente é uma forma de pensar muito
antiga, de ver as coisas sobre o prisma do “quanto pior puder , pior será”.Assim
como o otimista, vejo o pessimista como inconveniente em algumas
situações.Dialogamos com as duas partes em nosso interior; diálogo confuso,
cacofônico, sempre inconcluso e cheio de estridências.Ontem estava vendo o
filme Melancolia, daquele diretor nórdico famoso e com freqüência acusado de
fascista, Lass von Trier.Aliás, o pensamento fascista é sempre acusado de ser
pessimista, o que não tem consistência filosófica como juízo de valor, pelo
menos para quem se interessa em pesquisar o interior das carnes ocultas do
fascismo(fenômeno universal e cósmico ,segundo o Jorge Mautner).Por exemplo: os
nazistas sempre acreditaram que podiam ganhar a guerra, mesmo quando essa já
estava perdida.Haja otimismo!Mas sabem como é : em termos de Europa, acima da
Normandia , quanto mais próximo do círculo polar,as coisas já começam a ficar
cinzentas.É só pensarmos no gênio Bergman.O filme que vi tem imagens muito
bonitas e é bem construído, nos personagens, nas falas, nos ritmos.Sim, com
efeito é um porre de pessimismo.Mas na arte o pessimismo funciona, não faz
mal.Na vida real não adianta muito porque atrapalha o cotidiano, tanto quanto o
otimismo ingênuo e cegante.Em termos reais, mais fácil seria trabalharmos em
termos estatísticos e, com isso, muita coisa ganharia consistência, até mesmo o
amor sendo uma possibilidade estatística, apesar desse mundo.Mas enquanto um
planeta Melancolia não nos vem livrar desse outro lado, d’aquém morte, a gente
ainda vai continuar olhar para o céu buscando alguma estrela nova.Queira-se ou
não.A vida é um troço muito teimoso...
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
sábado, 22 de setembro de 2012
Um velho ditado italiano diz que "prima di vivere insieme, bisogna consumare un sacco de sale"(antes de viver juntos, é preciso consumir uma saca de sa)l.Em resumo, quer dizer que é preciso de experiência de convivência para tolerância, sem a qual relacionamento algum dura.Mas onde está a tolerância nos dias de hoje, em meio à ansiedade do supérfluo e do passageiro?Na verdade não quer dizer que se deve esperar o tempo passar para melhor conhecer o outro e sim, em verdade, se acostumar ao outro.Porque conhecer, no duro mesmo, você pode passar a vida toda e não sabe ao certo quem é aquele que está ao seu lado.Ou pode-se iludir, imaginando que realmente sabe.Nunca vi presunção maior do que ouvir a frase: conheço você tão bem como a mim mesmo.Quem realmente se conhece tão bem assim?
sábado, 1 de setembro de 2012
Cézanne era um temperamento difícil, mais difícil ainda de se relacionar, mas tinha uma sensibilidade extraordinária, fora do comum.Um pensamento seu é fundamental:" é preciso que sejamos humildes com a natureza".Por sinal, isso já foi endossado por muitos grandes artistas.Como existe hoje uma dissociação maior entre homem e natureza nos dias atuais, natural que essa forma de pensar seja um tanto ausente em meio ao intelectualismo que infesta a contemporaneidade, haja visto a quantidade de "bulas" explicativas em eventos como uma bienal.O quadro de Cézanne, especificamente a paisagem, na mostra dos impressionistas agora na cidade , demonstra bem sua angústia em tentar apreender pela visão o que seria a essência de uma paisagem.Esforço que ele sabia ser inútil, já que a natureza, em si, é mesmo inapreensível, sendo a arte um vão esforço de se aproximar do coração da vida, quando muito do calor desse coração.E seus quadros, tanto os da vida como os de Cézanne, sempre me produzem inquietação, me perturbam por me revelarem o quanto tenho limites para enxergar o que vejo ou ver o que enxergo.
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