Toda
fidelidade deve ser, constantemente, contestada.Mesmo que essa contestação
implique numa contradição.Isso funciona na ciência e na arte, porque não
funcionar na política ou na vida cotidiana?Fidelidade não pode implicar em
obtusidade.Crença, convicção, amor, tudo pode passar.Quando navegamos no rio,
somos nós que nos movemos, não a paisagem, embora nossos sentidos indiquem o
contrário.Mas, como todos nós nos julgamos umbigos do mundo, ainda vivemos
praticamente em referenciais pré-copernicanos.
A juventude
é um zombar constante da morte.Nela pode-se encarar sem problema a perda de
alguns anos, a contagem parece ser crescente, ainda que na vida o que existe
mesmo é o decrescente.Por isso os jovens são tão facilmente manipulados por
coisas abstratas, absurdas ou sem sentido,
coisas como patriotismo, fanatismo político ou consumismo desenfreado.Há
muita morte embutidade dentro disso tudo, mas isso passa batido, torna-se
invisível à visagem juvenil.A
ingenuidade do jovem de hoje prepara o otário velho de amanhã.A carne humana
que é moída para alimentar o sistema sempre tem que ser fresca.
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